Considerações finais

Parte de Manual de atividade física adaptada para pessoas com surdez . páginas 20 - 21

Resumo

Em qualquer contexto em que se fale de surdez é importante compreendermos que existe um conjunto de fatores determinantes nas diferenças entre as pessoas com surdez. Geralmente, nos graus de surdez mais ligeiros, os indivíduos têm acesso à fala através do ouvido e a interação social e a comunicação estão mais facilitadas, assim como a sua inclusão na comunidade ouvinte e, consequentemente o acesso à prática desportiva de forma inclusiva. Quando a surdez é mais profunda, esta inclusão pode estar comprometida devido à barreira imposta pela comunicação. A criança surda, quando nasce e o seu desenvolvimento ocorre no seio de uma família de pais surdos, sendo estes membros de uma comunidade linguística, o processo de aquisição da linguagem e a inserção na cultura Surda, ocorrem em simultâneo e processam-se naturalmente, tal como acontece com qualquer criança inserida numa outra comunidade ou grupo. A língua gestual utilizada pelos pais Surdos é adquirida como primeira língua, estabelecendo interações e uma identidade com a comunidade envolvente. Contudo, a maioria dos surdos nasce na comunidade ouvinte e, consequentemente, “gastam parte da sua juventude a tentar perceber quem são em relação ao mundo ouvinte” 45. Nestes casos, os surdos sentem-se isolados da transmissão convencional da língua e da cultura utilizada pelos seus pais, e dependem das suas decisões. Muitas vezes, até ao momento de entrarem para a escola, não têm contacto com a língua gestual ou com outros surdos. Nas interações que se desenvolvem no seio familiar, existe uma tendência natural para a utilização da língua falada e, simultaneamente, para a simplificação e redução do vocabulário utilizado na comunicação com a criança surda. A responsabilidade pela aprendizagem da língua gestual é transmitida para a escola, e muitas vezes as famílias parecem acreditar que se trata de uma língua individual, própria do filho que é surdo.