Resumo
É comum que a mulher pós menopausa apresente aumento de peso associado a alterações metabólicas. Tais modificações tornam essa população mais propensa ao desenvolvimento de disfunções. Nesse sentido, a aterosclerose é uma doença inflamatória crônica, caracterizada pela formação de placas de ateroma na parede arterial, processo que pode causar a obstrução das artérias. O treinamento físico tem sido considerado uma conduta não-farmacológica para redução do risco de eventos cardíacos. Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos metabólicos, hemodinâmicos e autonômicos do treinamento físico em um modelo experimental de menopausa com aterosclerose associada ao consumo de dieta hiperlipídica. Para isso, foram utilizados 60 camundongos fêmeas Knockout para apoliproteína E (ApoE-KO), divididos em 5 grupos experimentais (n=12 em cada): controle sedentário tratado com dieta normolipídica (CSN 9); grupo Ooferectomizado sedentário tratado com 9 meses de uso de dieta normolipídica (OSN 9), grupo Ooferectomizado treinado tratado com 9 meses de uso de dieta normolipídica (OTN 9), grupo Ooferectomizado sedentário tratado com 9 meses de uso de dieta hiperlipídica (OSD 9) e grupo Ooferectomizado treinado tratado com 9 meses de uso de dieta hiperlipídica (OTD 9). A medida de glicemia e o teste de tolerância oral à glicose (OGTT) foram realizados ao 7 mês de uso de dieta e ao final do protocolo (9° mês de uso de dieta). O treinamento físico teve início na metade do 7º mês de uso de dieta, com duração de 6 semanas, intensidade moderada (50-70% do máximo obtido no teste de esforço), com sessões de 1 hora por dia, 5 dias por semana. Ao final do estudo, os animais foram submetidos a ecocardiografia para análise da morfologia e função cardíaca, e à canulação para registro direto de pressão arterial, análise da sensibilidade barorreflexa e da modulação autonômica cardiovascular. A análise dos dados foi realizada através do software GraphPad Prisma (versão 8.0). A média aritmética e o erro padrão da média (EPM) foram calculados para todas as variáveis estudadas. O teste de Shapiro-Wilk foi utilizado para que verificar a normalidade dos resultados. Após o período experimental os valores obtidos foram analisados pelo teste de variância de dois fatores (ANOVA Two-way), seguido de post hoc de Tukey. O nível de significância utilizado em todas as análises foi de 5%. Foi observado aumento do tecido adiposo branco do grupo OSD 9 (vs. grupos alimentados com dieta normolipídica), peso corporal final do grupo OSD 9 (vs. todos os outros grupos), e o grupo OTD 9 apresentou diminuição deste valor de peso corporal. Além disso, os grupos treinados apresentaram melhora da capacidade funcional quando comparado ao OSD 9. Os grupos treinados apresentaram maior banda de alta frequência do intervalo de pulso quando comparado aos sedentários. A conclusão do estudo é de que a combinação de privação ovariana e dieta em camundongos ApoE-KO traz prejuízos em relação ao aumento de peso corporal, acúmulo de tecido adiposo, capacidade funcional, diminuição do tônus vagal. O treinamento físico mostra efeitos benéficos nos parâmetros de peso corporal, capacidade funcional e melhora de tônus vagal em que a privação ovariana e dieta hiperlipídica foi negativo.