Resumo

OBJETIVOS: 1) observar os efeitos da exposição à hipóxia (H) sobre o desempenho no exercício contra-resistência (ECR) a 3 intensidades (INT) diferentes; 2) determinar os efeitos da H durante o ECR sobre as respostas cardiorrespiratórias e níveis de oxigenação e volume sangüíneo no cérebro (COX, CVS) e no músculo (MOX, MVS). MÉTODOS: 31 sujeitos saudáveis (28 ± 9 anos; 69,1 ± 11,0 kg; 168,1 ± 6,8 cm) realizaram extensão de joelho unilateral dinâmica a 50 e 75% 1 RM e estática a 100% 1RM, todas até a exaustão, em três visitas distintas, em normóxia (N, FiO2 = 21%) e H (FiO2 = 14%), em ordem aleatória. Após 5 min em repouso em N ou H, o ECR foi executado a uma das 3 INT, seguido por 4 min de recuperação. A mistura de gás foi trocada e o mesmo protocolo, repetido. As respostas de trocas gasosas respiratórias e cardiovasculares foram monitoradas continuamente durante a sessão de testes por um analisador metabólico de gases e pletismógrafo, respectivamente; e COX, CVS, MOX e MVS, por espectroscopia no infravermelho próximo (NIRS). Durante o ECR, as alterações relativas (expressa em percentual) ao repouso foram usadas para análise de todas as variáveis, exceto para as medidas pela NIRS, para as quais foi considerado o delta absoluto. RESULTADOS: em repouso, o teste t pareado mostrou que todas as variáveis cardiorrespiratórias estiveram significativamente aumentadas em H, exceto o VO2 que apresentou uma redução significativa. Houve também um declínio significativo em COX e MOX e um aumento em CVS e MVS. Durante o ECR, a ANOVA com duas entradas e medidas repetidas (FiO2 x INT) mostrou que a duração (em s) em todas as INT foi significativamente menor em H que em N (50N: 59,9 ± 12,6; 50H: 55,5 ± 8,8; 75N: 37,7 ± 8,4; 75H: 34,7 ±7,0;100N: 41,2 ± 14,8; 100H: 37,7 ± 14,0). O mesmo foi observado para o número de repetições (50N: 15,7 ± 3,1; 50H: 14,3 ± 2,4; 75N: 9,4 ± 2,5; 75H: 8,4 ± 2,2). Houve um efeito principal de FiO2, mostrando um menor aumento relativo em H que N para VE (N: 245,1 ± 134,6%; H: 173,1 ± 92,9%), VCO2 (N: 222,0 ± 86,7%; H: 171,0 ± 66,8%), R (N: 70,9 ± 36,6%; H: 19,9 ± 23,5%). O aumento no VO2 foi maior em H (142,4 ± 44,6%) que em N (118,7 ± 50,9%). Observou-se um efeito principal da INT para PAS e PAM, sendo o aumento relativo maior a 50 (PAS: 58,7 ± 21,3%; PAM: 66,5 ± 25,5%) que a 100% 1RM (PAS: 46,4 ±17,8%; PAM: 51,1 ± 16,0%). As elevações na FC (N: 78,5 ± 27,7%; H: 66,9 ± 25,8%) e Q (N: 90,3 ± 41,2%; H: 76,6 ± 38,9%) foram maiores em N que em H. Nenhuma diferença significativa foi observada para CVS, COX e MOX. O CVS teve um maior aumento a 50 (0,093 ± 0,057 DO) que a 75% 1RM (0,064 ± 0,032 DO). A única variável a apresentar diferença entre sexos foi MVS, com um maior declínio nos homens (-0,244 ± 0,108 DO) do que nas mulheres (-0,146 ± 0,083 DO), e entre os homens, esta redução foi maior a 50 (-0,241 ± 0,131 OD) que a 100% 1RM (-0,172 ± 0,094 DO). CONCLUSÃO: o desempenho no ECR esteve prejudicado em H e as respostas fisiológicas ao ECR parecem estar associadas às modificações induzidas pela H em repouso. A duração do ECR, ao invés da carga absoluta mobilizada, parece ser responsável pelos maiores aumentos na PAS, PAM, CVS e MVS a 50% 1 RM

Acessar Arquivo