(In)atividade física: Um comportamento intrínseco humano? Um ensaio baseado em teorias emergentes
Parte de Boas práticas na educação física Catarinense 2023 . páginas 44 - 61
Resumo
Apesar de o crescente corpo de evidências científicas apresentar dados consistentes sobre os benefícios da atividade física para a saúde humana (WARBURTON; BREDIN, 2017), isso não tem sido suficiente para manter as pessoas fisicamente ativas. Dados de estudos populacionais mostram que 27,5% dos adultos (pesquisa com 1,9 milhão de pessoas) e 81% dos adolescentes (pesquisa com 1,6 milhão de pessoas) são fisicamente inativos (GUTHOLD et al., 2018; GUTHOLD et al., 2020). De fato, existe e já existia antes da covid-19 uma pandemia de inatividade física, que é caracterizada pela insuficiência em praticar atividades físicas e não necessariamente por comportamento sedentário: este é o tempo gasto em posições com baixo gasto energético, como sentado, deitado ou reclinado, sendo o último outro constructo, mas que diversas vezes é confundido. A combinação da inatividade física com o elevado comporta mento sedentário é nociva à saúde (KATZMARZYK et al., 2019). Uma em cada seis mortes ocorre devido à inatividade física, sendo ela a quarta principal causa de morte no mundo (OMS, 2010). Com esforços de promoção de atividade física, consegue-se aumentar o conhecimento das pessoas sobre os benefícios da atividade física, porém a população, mesmo consciente desses benefícios, tem falhado em converter intenções em ações, não realizando atividade física regularmente (MALTAGLIATI et al., 2022). Parece que o modelo educacional médico que orienta “atividade física faz bem para a saúde, então faça” não é suficiente. É preciso reconhecer que é improvável que os benefícios esperados para a saúde influenciem a favor da atividade física em detrimento de alternativas sedentárias (MALTAGLIATI et al., 2022). O comportamento de saúde não se baseia apenas no processamento reflexivo de informações (SCHINKOETH; ANTONIEWICZ, 2017).