Integra
Anos atrás li um livro com esse título (Idades da Vida) escrito por Romano Guardini, um teólogo/filósofo de cidadania alemã, italiano de nascimento (1885 – 1968). Breve e de leitura fácil, utilizei o livro como referência geral na disciplina Qualidade de Vida, na UFSC nos anos 90. Achei interessante a abordagem criativa das diversas fases da vida para aqueles que conseguem derrotar o tempo e envelhecer. Melhor que derrotar, eu diria ser parceiro ou respeitar o tempo e as contingências da vida. Em particular, gostaria de falar de dois momentos: a adolescência e a envelhescência.
Esses períodos, fases ou idades da vida são, ao mesmo tempo, transições e etapas diferenciadas, com características próprias e muito marcantes. Ambos são períodos de mudanças biológicas (estruturais e funcionais), cognitivas e socioculturais.
Na adolescência (10-12 anos aos 19-20 anos) as alterações morfofuncionais e de maturação mudam radicalmente nosso conteúdo e nossa embalagem. Nossos ritmos biológicos são distintos do que foram na infância e do que serão no futuro; nossas capacidades e aptidões se ampliam; nossos interesses se expressam e nosso caráter é moldado pelas aprendizagens, inseguranças e vivências por que passamos.
Já a envelhescência (expressão criada pelo sociólogo Manoel Berlinck) refere-se ao período entre a maturidade e a velhice (45+ a 65+ anos). Seria uma adolescência refletida no espelho; ou seja: se na primeira estamos indo em direção à autonomia, maturidade e plenitude, na segunda estamos voltando àsnossas origens de dependências, limitações crescentes e finitude. Muitos dilemas, ansiedade, mudanças físicas, psicológicas e emocionais estão presentes. No lado positivo, a envelhescência pode ser acompanhada por um sentimento de experiência, segurança, potencial de reinvenção e planos para uma velhice ativa e feliz – com familiares e amigos, e procurando deixar nossa casa maior (o planeta) “arrumada” para as gerações vindouras.
Afinal, como dizia meu tio Muri: “não estamos aqui apenas para viver e sim para conviver”.
Grande abraço.
Markus Nahas