Integra

Ah, o Natal! Tempo de reverenciar a paz, confraternizar com familiares e amigos, aproveitar as férias, relaxar... certo? Não é bem assim. Se existe um período estressante, enervante, pleno de ansiedade, brigas nas filas de shoppings e no trânsito caótico, esse tempo está na transição entre anos (incluindo o natal e seus preparativos de guerra). As pessoas correm contra o tempo, como se cada natal fosse o último e a virada do ano o armagedon descrito no Novo Testamento. Ao mesmo tempo, renovam promessas que sabem, sistematicamente, não cumprir.

Talvez eu seja um pouco pessimista ao considerar este “tempo de paz e harmonia” como o período menos interessante do ano, mas não quero mais correr contra o tempo. Talvez o passar dos anos e as vivências me tenham ensinado a andar de mãos dadas com o tempo e, quem sabe, as circunstâncias da vida me favoreçam.

Corri muito ao longo desses anos. E o tempo sempre me pareceu um grande “inimigo”, talvez o maior de todos, como já sugerira o genial Charles Chaplin há quase um século no Mundo Moderno. O ¨Carlitos¨, eterno, veio a contradizer seu sábio criador.

Uma das poucas vantagens da maturidade plena (devo dizer – do envelhecimento?) parece ser o reconhecimento de que a boa vida é uma viagem e não um porto de chegada; um processo e nunca propriamente um produto. Nessa perspectiva, não se “corre contra o tempo”, mas curte-se a viagem e os passageiros mais próximos – nossos amigos e familiares -, ao longo de todo o ano.

Existe, ainda, o paradoxo da fração de vida em cada ano que passa. Aos 20 anos, o natal anunciava o término de 1/20 de minha vida (5%!). Neste natal de 2025, o ano que encerra corresponde a “apenas” 1/72 (1,39%) do meu tempo na terra. Talvez isso justifique a percepção de que o tempo passa mais rápido ultimamente.

Ando devagar porque quero ir mais longe! E não quero deixar ninguém no caminho por causa da minha pressa.

Ah, quase esqueço - FELIZ TRANSPOSIÇÃO PARA 2026!

Grande abraço.

Markus Nahas