A interdiscipllnaridade como melhoria na qualidade de ensino
Em Cadernos de Debate - ExNEEF, n 4, 1996. Da página 31 a -
Resumo
Falar de um tema como esse envolve algumas "complicações". A primeira, de cunho pessoal. Diz respeito a uma certa sensação de estar sendo um pouco intrusa ao assumir o papel de palestrante num debate cujo tema é "A interdisciplinaridade como melhoria da qualidade de ensino". Não sou especialista no tema da interdisciplinaridade, nem tampouco posso afirmar que minha prática como professora de Didática e Prática de Ensino está pautada na interdisciplinaridade. De acordo com meu currículo minha única e comprovada "intimidade" com o tema é somente como orientadora de um projeto de pesquisa durante o ano de 1994 cujo tema era "A possibilidade de uma ação interdisciplinar nas aulas de Educação Física escolar" ( mérito muito maior do orientando do que meu próprio), e que me dá muito pouca autoridade para tratar do tema como especialista. O que faço, sim, é· um constante esforço de refletir, discutir e analisar, junto com os alunos do Curso de Educação Física da UFV, as práticas, sobretudo as de Educação Física, que vem sendo elaboradas nas escolas de 1° e 2° graus em nossa circunstâncias históricas e geográficas. Influenciada por esta reflexão, me vejo também a todo momento refletindo sobre minha própria prática educacional, especialmente a que venho exercitando no magistério universitário, num esforço de, revivendo-a, possa, se não responder a todos os questionamentos que me coloco, ao menos possa esboçar alguns caminhos possíveis a serem trilhados. É agindo dessa forma que venho aprendendo e descubrindo que é exatamente no movimento de ir à teoria para compreender a prática, e voltar a esta com novas questões que se conhece. Nessa constante "ida e volta" à teoria e à prática tenho me deparado com problemas, dúvidas, questões, hipóteses... os quais, isso sim, tem me obrigado a uma postura interdisciplinar, que eu diria, necessária a qualquer estudo na atualidade. Vivemos numa época, em que cada vez menos, o conhecimento é tratado como um bloco monolítico: as barreiras entre as diversas disciplinas estão se tomando mais tênues, a linha que divide "o que se conhece" do "não se conhece- não é mais linear. O conhecimento não é cumulativo. Obviamente esse momento histórico que vivemos requer uma postura menos rígida, mais curiosa, mais comunicativa, mais aberta a outros conhecimentos... Me parece que é essa postura, que venho assumindo a algum tempo, que me fez ser indicada para estar aqui compondo essa mesa.