Resumo

Segundo o Observatório de Indicadores da Cidade de São Paulo, em 2016 existiam menos de dois equipamentos esportivos a cada 100.000 habitantes, na região da Brasilândia. São eles: dois Centros Educacionais Unificados, um Centro Esportivo e poucos Clubes da Comunidade em uma área de 21Km2 que oferecem poucas atividades além do futebol, e a maioria com estrutura precária. Com isso, muitas crianças acabam encontrando a oportunidade de vivenciar uma modalidade esportiva apenas em suas escolas, nas aulas de Educação Física e nos projetos oferecidos em contra turno escolar, que nem todas as unidades educacionais oferecem. A Secretaria Municipal de Educação, anualmente, organiza as Olimpíadas Estudantis, evento que envolve todas as EMEFs que queiram participar inscrevendo seus alunos nas diferentes modalidades coletivas e individuais. A expectativa por esse evento é grande por parte dos envolvidos, já que muitos, não têm a possibilidade de vivenciar o esporte em outras situações. A grande dificuldade, é fazer com que esse jovem que encerra sua passagem pelo Fundamental II não tenha sua vida esportiva interrompida pelas diversas dificuldades que encontra, como a falta ou a grande distância dos equipamentos esportivos. Na tentativa de contribuir para a construção de políticas públicas que valorizam o esporte e suas contribuições para o desenvolvimento dos jovens da região, buscamos discutir o tema nas aulas de Educação Física. Acreditamos que a transformação social virá do empoderamento dos jovens que lutam pela construção de espaços democráticos para a prática de atividades físicas e isso pode começar nas aulas que incentivam esse tipo de discussão, seguindo a Matriz de Saberes do Currículo da Cidade com o desenvolvimento do pensamento crítico, do autoconhecimento, responsabilidade e participação, resolução de problemas, autonomia e determinação. Além de incentivá-los é necessário que o professor seja um exemplo através de suas ações e com esse objetivo, junto ao Conselho Participativo Municipal desta região, unimos as pautas equivalentes, colaborando para a formação de uma Comissão de Esportes que convidou profissionais da área, administradores de equipamentos esportivos, população e representantes do poder público local para debater e propor medidas que possam melhorar esse quadro. Até o momento foram realizadas duas reuniões que resultaram numa pesquisa sobre as necessidades de esporte e lazer cujos dados foram debatidos nos encontros do Conselho e traduzidos em propostas concretas e encaminhamentos para a Subprefeitura da Freguesia do Ó / Brasilândia. No interior da unidade, a busca é pelo protagonismo dos alunos na organização dos eventos esportivos, nos colegiados, em reuniões de representantes de sala, implementação do processo eleitoral do Grêmio Estudantil. Não são medidas com resultados a curto prazo, mas deve-se “mais do que oferecer serviços à população, criar condições para a promoção do debate e da reflexão sobre essas mesmas políticas, no sentido de construção de um projeto coletivo, em que as escolhas aconteçam democraticamente, de forma qualificada e consciente" (Stigger, 2003, p. 117). Seguimos nessa direção, acreditando que o Esporte é um caminho importante para a superação dos desafios da sociedade contemporânea e que isso é possível.

Referências Bibliográficas

Curriculo Digital da Cidade de São Paulo. Disponível em: https://curriculo.prefeitura.sp.gov.br/matriz-de-saberes. Acesso em: 09/07/2019. Observatório de Indicadores da Cidade de São Paulo. Disponível em: http://observasampa.prefeitura.sp.gov.br/index.php/indicadores/indicadores-por-regiao/ Acesso em: 09/07/2019. Stigger, M. P. Políticas públicas em esportes e lazer: considerações sobre o papel do profissional educador In: MARCELLINO, N. C. (Org.). (2003). Formação e desenvolvimento de pessoal em lazer e esporte. Campinas: Papirus, 2003.