Além do Estereótipo Elitista: Capital Cultural e Acesso ao Triathlon em um Projeto de Extensão Universitária
Por Evaldo José Ferreira Ribeiro Junior (Autor), Luís Eduardo Doopiat (Autor), Celso Gabriel Martins (Autor), Vinicius Martins da Rocha (Autor).
Em XV Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde - CBAFS
Resumo
Compreender fatores socioeconômicos de jovens em projetos esportivos é essencial para desenvolvimento de políticas públicas inclusivas, sobretudo em modalidades complexas e custo elevado, como Triathlon. OBJETIVO: Caracterizar o perfil socioeconômico dos jovens participantes da Escolinha de Triathlon de Matinhos, em um projeto de extensão da Universidade Federal do Paraná. METODOLOGIA: Realizamos um estudo descritivo, com amostragem intencional, no qual aplicamos um questionário online direcionado aos responsáveis. O instrumento contemplou variáveis socioeconômicos, de acesso e de motivação. Seguindo critérios da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP) definimos pela renda familiar as classes socioeconômicas: (A), superior a R$ 22 mil; (B) entre R$ 13 e R$ 22 mil; (C) entre R$ 7 e R$ 12.999 mil; (D) entre R$ 4 e R$ 6.999 mil; (E) até R$ 3.999. RESULTADOS: Participaram 46 crianças, 54% meninos e 58% autodeclarados brancos. Observou-se que aproximadamente metade dos responsáveis (P:50%; M:48%) possuíam elevada escolaridade com ensino superior completo. Contudo, as participantes eram majoritariamente das classes D (53%) e E (17%), enquanto apenas 15% das classes B e C, não havendo registros da classe A. O deslocamento até o projeto ocorreu majoritariamente por transporte particular (70%), com tempo inferior a 14 minutos. A entrada na escolinha foi fortemente influenciada pelos responsáveis (76%). CONCLUSÃO: o perfil identificado difere do estereótipo elitizado geralmente atribuído ao Triathlon, revelando participação significativa de famílias das classes D e E, mas com elevado capital cultural, indicando que a escolaridade parental é um forte preditor da participação dos filhos em atividades físicas organizadas. Esses achados reforçam o papel de projetos de extensão universitária como estratégias eficazes para democratizar o acesso ao esporte, embora barreiras logísticas, como a dependência de transporte particular, ainda demandem atenção no âmbito das políticas públicas.