Resumo

Introdução: Um dos critérios internacionais para estratificação do risco cardiometabólico (RCM) é a circunferência da cintura (CC). Porém, algumas diretrizes nacionais têm preconizado como parâmetro para a determinação do RCM a circunferência abdominal (CAB), que seria um ponto anatômico distinto da CC. Objetivo: Avaliar e comparar a aplicação da CAB e da CC na determinação do RCM de indivíduos adultos aparentemente saudáveis ou com fatores de risco para RCM. Métodos: Trata-se de um estudo observacional, transversal, retrospectivo e prospectivo, com 176 indivíduos (73 homens e 103 mulheres) aparentemente saudáveis ou com fatores de risco para DCVM. Foram realizadas anamnese, questionário sobre hábitos de vida (atividade física, grau escolaridade, etilismo) e avaliação da presença de doenças. Na sequência, foram mensurados os pontos antropométricos CC (entre a última costela e a borda da crista ilíaca) e CAB (em cima da cicatriz umbilical). Adicionalmente, a massa corporal, estatura, índice de massa corporal (IMC) e percentual de gordura corporal (dobras cutâneas, 7 dobras em homens e 3 em mulheres) foram obtidos. Posteriormente, as medidas foram submetidas ao teste de normalidade (Kolmogorov-Smirnov test) e homogeneidade (Levene test). Em seguida, foi aplicado o teste t-student pareado com p < 0,05. Resultados: As medidas de CAB e CC são diferentes para mulheres eutróficas, sobrepeso e obesas (p <0,001, p <0,001, p <0,002, respectivamente). No entanto, para homens, apenas os eutróficos apresentaram diferença significativa (p <0,016). Em relação aos eutróficos, caso a aferição feita seja a CAB pode haver uma superestimação de 45,8% e 25% como fator de risco em mulheres e homens, respectivamente. Já em indivíduos com sobrepeso, este indicador parece subestimar em homens em até 9% e superestimar em mulheres em até 35,3%. Por fim, nos indivíduos obesos, a superestimação pode ser de 12,5% em homens e 4,8% em mulheres. Conclusão: Concluímos que caso a mensuração da CAB seja realizada a fim de diagnóstico do RCM, este resultado poderia estar superestimado em mulheres de qualquer classificação de IMC, e homens eutróficos, já homens com classificação segundo IMC sobrepeso/obesidade, esta mensuração não teria diferença significativa para o diagnóstico do RCM.

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