Articulações entre a identidade profissional e as preferências pedagógicas do (a) treinador (a) esportivo (a) de escolas de futebol

A investigação da construção da identidade de treinadores (as) possibilita acessar as representações que são elaboradas ao longo de suas trajetórias de vida, em estreita relação com os contextos socioculturais vividos, revelando como se percebem tanto pessoal quanto profissionalmente. Objetivo: Identificar a relação entre a identidade profissional e as preferências pedagógicas de treinadores no ensino do futebol para crianças de oito a dez anos. Metodologia: Para a coleta de dados, foram realizadas entrevistas narrativas com quatro treinadores e uma treinadora atuantes na etapa da iniciação esportiva em escolas privadas de futebol. Os dados foram analisados através da transcrição dos áudios, reconstrução da estrutura diacrônica e sincrônica, análise compreensiva e comparação dos depoimentos. Resultados: Os resultados indicam que a realidade cotidiana no trabalho com futebol muitas vezes não satisfaz os anseios individuais dos treinadores e da treinadora, que buscam alinhar sua identidade reivindicada com o reconhecimento social. Há uma idealização de que a formação continuada pode atender as necessidades da identidade profissional insatisfeita. Nesse contexto, as preferências pedagógicas tradicionais de ensino são baseadas em experiências anteriores, sugerindo que a formação inicial em Educação Física não foi capaz de romper ou abalar as crenças acessadas durante as experiências como atletas. Ademais, as características de cada escola e as perspectivas sobre formação de atletas também influenciam essas preferências. Conclusão: Em suma, o que se evidencia são identidades insatisfeitas e preferências pedagógica orientadas por perspectivas tradicionais de ensino do futebol, um contexto em que a reprodução social se impõe e as poucas oportunidades formativas são incapazes de abalar as crenças de ensino apreendidas nas experiências como praticante ou atleta da modalidade. Essa realidade demonstra a urgência de se melhorar as condições de emprego e trabalho no futebol, para que esses profissionais possam desempenhar suas funções de maneira mais satisfatória e ter acesso a oportunidades formativas que desafiem e ampliem suas perspectivas pedagógicas.

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