As mulheres também sonham com a mobilidade social no futebol?
Por Mariana Zuaneti Martins (Autor), Letícia Carvalho de Souza (Autor), Gabriela Borel Delarmelina (Autor).
Em IV Congresso Internacional de Pedagogia de Esporte - CONIPE
Resumo
Martins et al. (2021) observam que as mulheres que jogam futebol no Brasil são em sua maioria negras e oriundas de classes sociais economicamente desfavorecidas. Para os homens, o futebol é a grande aposta de mobilidade social no Brasil, o que faz com que muitos jovens pobres e suas famílias depositem suas esperanças na carreira futebolística. Entretanto, a esperança de mobilidade social parece não se construir da mesma forma já que o futebol de mulheres começou a ser profissionalizado ainda há pouco tempo. Considerando esse cenário, o objetivo deste trabalho é descrever o perfil socioeconômico das atletas de futebol de elite, analisando sua relação com projetos de vida relacionados à carreira acadêmica e esportiva. Metodologia: Foram entrevistadas 15 atletas, de idade média de 26,7 anos de clubes que disputam o Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino, de distintas regiões do Brasil, no ano de 2023. Resultados: 60% das jogadoras entrevistadas frequentaram escolas públicas durante toda escolarização obrigatória e 33% tiveram acesso a instituições particulares quando se vinculavam ao futebol. Devido à origem familiar, aquelas que acessam o ensino superior (73%) o fazem via bolsas de estudo oferecidas pelo futebol. Assim, pode-se afirmar que o investimento em uma carreira no futebol possibilitou acesso a instituições particulares de ensino. Esse cenário é ambíguo, pois as rotinas que garantem acesso à educação também são pouco apoiadas em termos de investimento na carreira esportiva. Conclusões: Ao contrário do futebol masculino, por enquanto, o principal impacto da carreira esportiva na vida das mulheres é o acesso ao ensino superior - o que proporciona o desenvolvimento de outra carreira profissional assim, muitas famílias insistem na conciliação entre carreira futebolística e formação acadêmica, promovendo uma dupla carreira e desencorajando o futebol como único projeto de vida.