Resumo

As experiências infantis de uma professora de Educação Física podem levantar muitas perguntas e auxiliarem no processo de formação desse/a profissional. Sua maneira de enxergar o mundo e de conceber a prospecção desejada podem influenciar diretamente não só na atuação profissional, mas também em como se posicionar como agente integradora. Considerando as experiências anteriores e relacionando-as com a atual realidade social, algumas perguntas começam a surgir: qual problema em meninas participarem de atividades “socialmente” marcadas como de meninos? Meninas e meninos podem participar de um esporte com mesmo posicionamento interno do jogo? Um esporte misto pode integrar pessoas de gêneros diferentes? A Educação Física é capaz de discutir questões de gênero durante suas aulas? Para fomentar essas discussões é que propusemos o desenvolvimento de uma sequência didática a uma turma de 6º ano de uma escola pública estadual, de um esporte misto pouco conhecido no Brasil, o Corfebol, que tem como dinâmica de jogo a participação equiparada de meninos e meninas, na intenção de discutir as questões de gênero que permeiam o esporte. A pesquisa teve caráter qualitativo e utilizou como instrumentos metodológicos de coleta de dados um questionário individual e roteiros de observação para levantar informações em relação a participação dos meninos e das meninas durante uma sequência didática de 8 aulas com o tema Corfebol. Como resultado, observamos que apesar de, inicialmente, meninos buscarem uma supremacia dentro das atividades propostas, com o desenrolar das aulas eles foram percebendo que é possível socializarem-se com as meninas durante a participação esportiva e da mesma maneira meninas que iniciaram inseguras puderam protagonizar experiências positivas durante as partidas de Corfebol. A pesquisa possibilitou um caminho possível de ser trilhado, porém ainda demanda mais estudos para que essa prática possa transpassar os limites da quadra e integralizar a rotina escolar.

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