Resumo

Esta pesquisa teve como objetivo analisar a influência do movimento de eversão do calcanhar sobre as variáveis biomecânicas da marcha relativas à distribuição de pressão plantar (DPP) e o centro de pressão (COP). Participaram do estudo 21 sujeitos do sexo masculino (média de idade 27 anos ± 8 anos, estatura de 178cm ± 6cm e massa corporal de 76kg ± 10kg). Os sujeitos foram divididos em dois grupos, considerando o Ângulo Máximo de Eversão do Calcanhar: Grupo Normal (n=11) - sujeitos que apresentavam Ângulo Máximo de Eversão do Calcanhar < 8° e Grupo Overpronado (n=10) - sujeitos que apresentavam Ângulo Máximo de Eversão do Calcanhar ≥ 8°. A coleta de dados consistiu - se em avaliar o andar de forma descalça em linha reta sobre uma passarela de EVA sem qualquer inclinação em relação à linha do horizonte e com uma velocidade controlada de 5km/h ± 5%. As variáveis analisadas foram: Ângulo Máximo de Eversão do Calcanhar, Pressão Plantar Média, Pico de Pressão Plantar, Área de contato, Carga Relativa, Velocidade Média do COP e Deslocamento Medial e Lateral do COP. Para a aquisição dos dados cinemáticos foi utilizado o sistema Spica Technology Corporation™ com duas câmeras de vídeo sincronizadas, com taxa de amostragem de 955Hz. Para a aquisição dos dados cinéticos utilizou-se o sistema Novel Emed- XR com taxa de amostragem de 100Hz. Na análise estatística foi aplicado o teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade dos dados. Para comparar as variáveis cinéticas intra-grupo nas diferentes regiões do pé, foi utilizado o teste ANOVA One-Way. Já comparando estas variáveis inter-grupos, foi utilizado o teste “t” de Student para amostras independentes. Para verificar possíveis correlações entre o Ângulo Máximo de Eversão do Calcanhar e as variáveis cinéticas analisadas, utilizou-se o teste de Pearson. O nível de significância adotado foi de 0,05. Ao comparar as variáveis “Pressão Plantar Média”, “Pico de Pressão Plantar” e “Carga Relativa” entre as diferentes regiões do pé intra-grupo, pode-se observar que ambos os grupos apresentaram um padrão de distribuição de pressão plantar semelhante, diferenciando-se apenas pelas intensidades dessas variáveis. Já ao comparar as variáveis “Pico de Pressão Plantar” e “Área de Contato” nas diferentes regiões do pé intergrupos, observou-se que o Grupo Normal apresentou maiores valores médios, estatisticamente significativos, principalmente na região do calcanhar e do médio pé. Em relação às variáveis “Pressão Plantar Média”, “Carga Relativa”, “Velocidade Média do COP” e “Deslocamento Medial e Lateral do COP” não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas ao comparar o Grupo Normal e o Grupo Overpronado em nenhuma das regiões analisadas. Ao analisar possíveis correlações entre o Ângulo Máximo de Eversão do Calcanhar e as variáveis cinéticas, pode-se observar que as variáveis “Pressão Plantar Média”, “Pico de Pressão Plantar”, “Área de Contato” e “Carga Relativa” apresentaram correlações positivas estatisticamente significativas com o “Ângulo Máximo de Eversão do Calcanhar”, principalmente na região do médio pé. Já as variáveis “Velocidade Média do COP” e “Deslocamento Medial e Lateral do COP” não apresentaram correlações estatisticamente significativas. Assim, é possível concluir que o aumento do ângulo de eversão do calcanhar (overpronação) afetou consideravelmente algumas variáveis biomecânicas da distribuição de pressão plantar durante a marcha. Isso demonstra a importância da análise da distribuição de pressão plantar no quadro clínico e preventivo, pois a mesma possui um grande potencial para predizer movimentos anormais durante a locomoção.