Resumo

A atividade física (AF) está associada à redução de transtornos mentais comuns (TMC), enquanto o tempo de tela (TT) excessivo aumenta sintomas entre adolescentes. Contudo, investigações sobre as interrelações conjuntas desses comportamentos e sua associação com TMC são escassas. OBJETIVO: analisar as associações independentes, conjunta e estratificada entre AF e TT com TMC em adolescentes. MÉTODOS: foram utilizados dados do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA), realizado entre 2013-2014. O ERICA é um estudo transversal multicêntrico nacional com escolares de municípios com mais de 100.000 habitantes. A AF na última semana foi investigada por questionário e categorizada (0min/dia, 1-59min/dia, 60-119min/dia e ≥120min/dia). O TT foi estimado pelo tempo de computador, TV e videogames em um dia comum de semana (< 2h/dia, 3-5h/dia e ≥6h/dia). A ocorrência de TMC foi avaliada pelo GHQ-12, considerando ponto de corte ≥5 para ocorrência. Modelos de regressão de Poisson estratificados por sexo foram utilizados para investigar as associações. RESULTADOS: a amostra incluiu 65.048 adolescentes (idade média de 14,7 anos). A prevalência de TMC foi de 16,9% (IC95%: 16,2-17,6). O maior TT (≥6h/dia) associou-se com TMC em meninas (RP= 1,61; IC95%: 1,44-1,80) e meninos (RP= 1,40; IC95%: 1,15-1,72). A associação independente entre AF e TMC foi em formato de "U", com maior proteção na categoria de 1-59min/sem entre meninas e 60-119min/sem para meninos. Quando combinados, não realizar AF e TT excessivo aumentaram em 46% e 72% a prevalência de TMC em meninas e meninos, respectivamente. Na análise estratificada por nível de AF, não houve atenuação na relação entre TT e TMC entre as meninas; para os meninos, fazer ≥60min/dia parece atenuar a associação. CONCLUSÃO: após investigar associações entre AF e TT com TMC em adolescentes, observou-se que promover AF e restringir o TT podem beneficiar a saúde mental, porém houveram diferenças entre os sexos.

Acessar