Associação entre a prática de atividade física de lazer durante a gestação com desfechos neonatais em usuárias do Sistema Único de Saúde

A prematuridade e o baixo peso ao nascer (BPN) são importantes causas de morbimortalidade, com impacto na saúde pública, sobretudo em contextos de vulnerabilidade social. Evidências indicam que a atividade física na gestação pode ser uma estratégia eficaz para reduzir esses desfechos. OBJETIVO: Investigar a associação entre a prática de atividade física na gestação com prematuridade e baixo peso ao nascer. MÉTODOS: Estudo transversal, realizado entre dezembro/2022 a dezembro/2024, com puérperas atendidas em unidades básicas de saúde de Passo Fundo, Rio Grande do Sul. A exposição de interesse foi a atividade física no lazer realizada durante a gestação, avaliada de forma retrospectiva e por autorrelato. Foram consideradas "ativas" mulheres que reportaram "sim" para atividade física, em pelo menos um trimestre gestacional, independente do tempo semanal. Os desfechos prematuridade e BPN foram auto reportados no momento da entrevista. Empregou-se a regressão logística ajustada para variáveis sociodemográficas e obstétricas com resultados expressos em odds ratio (OR) e intervalos de confiança de 95% (IC95%). RESULTADOS: A amostra foi composta por 378 mulheres, com idade entre 19 e 35 anos (81,4%), vivendo com companheiro (72,9%), com ensino médio completo (37,1%) e renda de 1-3 salários-mínimos (56,6%). A prevalência de prematuridade foi 12,9% (IC95%: 9,5%-16,3%) e de BPN 12,3% (IC95%:9,0-15,7). Mulheres que reportaram não realizar atividade física na gestação tiveram 2,63 maior chance de ter nascimentos prematuros (OR:2,63; IC95%:1,09-6,36, p=0,032) comparado àquelas que realizaram atividade física nesse período. Para o BPN, os resultados indicam a mesma direção, no entanto não permitem afirmações considerando o valor limítrofe de significância estatística (OR:2,51; IC95% 0,99-6,37, p=0,053). CONCLUSÃO: Ações interdisciplinares voltadas à promoção da atividade física contribuem não apenas para melhores desfechos neonatais, mas também para a redução das iniquidades e fortalecimento do cuidado integral à gestante no Sistema Único de Saúde.

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