Resumo

O aumento da prevalência de condições crônicas múltiplas (multimorbidade) configura uma importante preocupação em saúde pública, que parece estar associada a redução da atividade física (AF) e declínio acelerado da função física (FF). OBJETIVO: Investigar a associação entre a presença de doenças crônicas (sem doenças crônicas, com uma condição e com multimorbidade) na linha de base e o declínio de AF e FF ao longo do acompanhamento.MÉTODOS: Dados de 380 adultos australianos (45 anos ou mais) do estudo de coorte HABITAT foram avaliados em 2014 e acompanhados em 2016. A AF foi mensurada por acelerômetro utilizado no pulso não dominante por 7 dias. A aceleração média e o gradiente de intensidade foram utilizados com proxy de volume e intensidade de AF. A FF foi avaliada por bateria de testes físicos e expressa como z-score. Multimorbidade foi definida como diagnóstico de mais de uma dessas condições: artrite, asma, câncer, bronquite, diabetes, doença cardiovascular, osteoporose, depressão e ansiedade. Modelos lineares de efeitos mistos foram utilizados para avaliar a variação temporal de AF e FF como desfecho, com modelos brutos e ajustados por variáveis sociodemográficas (sexo, idade, renda, ocupação, escolaridade e IMC). RESULTADOS: Indivíduos com uma condição crônica representavam 23,6% da amostra, enquanto 17,6% apresentavam multimorbidade. Comparados aos sem doenças, indivíduos com multimorbidade diminuíram significativamente a aceleração (β: -3.141; IC95%:-5.651; -0.629) e o gradiente de intensidade (β: -3.141; IC95%:-5.651; -0.629), além de piorarem score de FF (β:-0.177; IC95%:-0.346; -0.007). Enquanto aqueles sem doenças crônicas melhoraram o score de FF (β: 0.069; IC95%: 0.011;0.127).CONCLUSÃO: A multimorbidade está associada com redução da AF e piora da FF. Contudo, a relação entre AF e FF com multimorbidade é complexa, e engloba diferentes fatores.