Resumo

Pacientes com câncer do trato gastrointestinal frequentemente apresentam redução da capacidade funcional. Evidências sugerem que essa redução está associada com a toxicidade e eventos adversos durante o tratamento oncológico. OBJETIVO: Avaliar a associação entre o desempenho no teste de sentar e levantar de cinco repetições (TSL5X) e a toxicidade precoce durante a quimioterapia em pacientes com câncer de cólon, reto e gástrico. MÉTODOS: Estudo de coorte retrospectivo (HC/UNICAMP - CAAE:67007522.9.0000.5404). Dados clínicos, antropométricos, incluindo circunferência de panturrilha (CP), e toxicidade precoce grau 3 e 4 (3 primeiros ciclos) foram coletados em prontuários. Os pacientes foram divididos em 2 grupos: com toxicidade precoce (CTP) e sem toxicidade precoce (STP). Para análise do desempenho físico realizamos o TSL5X; o baixo desempenho foi definido quando >15seg. Para análise estatística foram utilizados os testes Shapiro-WilkT-Student ou Mann-WhitneyQui-quadrado e regressão logística. RESULTADOS: Foram incluídos 63 pacientes. CTP: n=36, 41% homens, 65±8anos, IMC= 25,2±5,30kg/m2, CP= 32,8±4,58cm. STP: n=27, 74% homens [p=0.01*], 58±9anos [p=0,004*], IMC= 25,4±4,10kg/m2 [p=0,916], CP= 35,1±4,31cm [p=0,153]. Não observamos diferença em relação ao tipo de tumor, estadiamento, status de performance de Karnofsky (KPS), tratamento quimioterápico e comorbidades. Encontramos diferença na prevalência de tabagistas (CTP: 63,9% vs. STP: 34,6% [p=0,023*]), no tempo de execução no TSL5X (CTP: TSL5X=17,3seg (15,9-22,7s) vs. STP: 14,5seg (10,6-19,4s) [p=0,009*]) e na prevalência de pacientes com baixo desempenho no TSL5X (CTP: 75% vs. STP: 40% [p=0,006*]. Na regressão multivariada, confirmamos que ser mulher e tabagista aumenta o risco de toxicidade precoce. Da mesma forma, o baixo desempenho no TSL5X, está associado com a toxicidade precoce (p=0,045; OR=4,074; IC=1,031-16,093). CONCLUSÃO: O baixo desempenho no TSL5X aumenta o risco de toxicidade precoce no tratamento quimioterápico em pacientes com câncer de cólon, reto e gástrico. Sendo assim, a capacidade funcional reduzida pode ser um preditor de intolerância ao tratamento oncológico.

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