Benefícios da atividade física para pessoas com esquizofrenia
Parte de Manual de atividade física adaptada para pessoas com esquizofrenia . páginas 13 - 14
Resumo
As diretrizes internacionais para o tratamento de pessoas com doença mental propõem que a AF e o exercício devem ser integrados nos cuidados de saúde mental67. Por exemplo, as diretrizes de associações europeias de psiquiatria sobre a promoção de AF para pessoas com doença mental, afirmam que existem evidências empíricas consideráveis que suportam a promoção de intervenções baseadas na AF para o tratamento de pessoas com esquizofrenia67. Na maioria dos casos, os benefícios reportados vão para além das melhorias dos sintomas inerentes ao próprio diagnóstico, estendendo-se à saúde física, bem-estar psicológico e qualidade de vida68,69. No que se refere ao diagnóstico de esquizofrenia, a fraca saúde física desta população está amplamente descrita da literatura e relaciona-se com o elevado risco de desenvolver doenças cardiovasculares, obesidade, síndrome metabólica e diabetes70. Para além disto, os efeitos secundários da medicação antipsicótica, nomeadamente as consequências metabólicas71, e os estilos de vida inadequados, são os principais fatores que contribuem para uma fraca saúde física31,42,53,62. Os programas que incluem AF demonstram ser mais eficazes na redução do peso corporal, comparativamente com programas de psicoeducação72. Contudo, no que se refere ao peso corporal, os estudos reportam resultados díspares, enquanto uns reportam redução do peso corporal após programa de AF73,74, outros não reportam alterações75,76. Os programas de AF mostraram-se eficazes na redução de indicadores metabólicos, como os triglicerídeos, colesterol total e colesterol LDL (lipoproteínas de baixa densidade)72. As melhorias na capacidade funcional para o exercício são também reportadas nesta população77. De acordo com um estudo de revisão sistemática e meta-análise78, dos 11 estudos analisados, 10 reportaram melhorias significativas na aptidão cardiovascular e na capacidade funcional para o exercício, após diferentes programas de AF. Estes aumentos na capacidade aeróbia são clinicamente significativos, pois estão associados com a mortalidade geral e com a mortalidade relacionada com a doença cardiovascular79. Especificamente, aumentos de 3,5 mL/kg/min estão associados a decréscimos de 13 e 15% no risco de mortalidade geral e doenças cardiovasculares, respetivamente.
