Integra

“Eu protegi seu nome por amor,

Em um codinome Beija-flor”

Cazuza

A figura do beija-flor é decantada em prosa e verso talvez pelo que simbolize de leveza, de movimentos e de coreografias impossíveis para os mais consagrados bailarinos, de furta-cor brilhante, pelo fenômeno da iridescência.

Eles inspiram obras em prosa e verso na literatura, de arte visuais, com reproduções em pinturas e esculturas e virou até nome de Escola de Samba, em Nilópolis. No dinheiro está desvalorizado estampando a célula e a moeda de um real. É destaque em brasões de várias cidades, vive no folclore do Pantanal, como “Cuitelinho”, e em músicas brasileiras, como “Ai que saudade d’Oce”, outras da “Timbalada”, do segmento Sertanejo e em uma que me diz muito de perto e foi feita por Cazuza – “Codinome Beija flor”.

Todas nós sabemos, desde os primeiros bancos escolares, que essas avezinhas são muito importantes para a Natureza, pela contribuição ao processo de polinização das flores.

Essas aves de pequeno porte medem em média de 6 a 12 centímetros de comprimento e pesam de 2 a 6 gramas. Tèm um esqueleto e uma constituição muscular adaptados para permitir vôos rápidos e muito ágeis. E detém uma características exclusiva : são as únicas aves que voam em marcha-ré e que podem ficar paradas no ar. Nas alturas, os colibris voam alto, mergulham rápido, rodam, e voam de cabeça para baixo. Dizem que seu fóssil mais antigo data de 30 milhões de anos e foi encontrado na Alemanha.

Exatamente essas propriedades anatômicas, e as possibilidades do seus vôos, fizeram com que os beija-flores servissem de inspiração, mais recentemente, para objetos  que não se prestam propriamente à beleza, ou ao romantismo que a aves sempre inspiraram.

Os olhos frios de cientistas e da indústria do armamento observaram as pequenas aves, classificadas por eles como as menores e as melhores voadoras do mundo, e nelas se inspiraram para desenvolver modelos para instrumentos de guerra. Entre eles um robô, estilo drone, que teria utilidade para assumir a função de explorar locais antes do avanço das tropas, e de realizar espionagem dos inimigos. Felizmente pode ser usado também para a busca de soldados atingidos em locais com dificuldade de acesso, e contribuírem para diminuição de baixas nas tropas de frente.

Mas é muito triste ver os colibris usados como inspiração para instrumentos de guerras, ao contrário da Pomba da Paz.

Por isso tome cuidado quando “um beija-flor invadir a porta da sua casa”. Ele pode ser um drone explosivo, e não vai “deixar um beijo e partir”, como na música de Vital Farias. A “minúscula bandeira”, pode ser do inimigo. O codinome beija-flor pode não proteger alguém por amor, mas levar a morte.

De minha parte prefiro ficar com a beleza e a graça dos beija-flores decantadas em prosa e verso, nas visões antigas e românticas, aves de paz, e torço para que elas perdurem além da destruição das guerras.

Parte do Livro BALAIO- grandes temas em pequenos escritos.Editora Mercado de Letras. A ser lançado no ENAREL, em novembro de 2025, Em Curitiba-PR