Resumo

Exercícios intermitentes de alta intensidade podem comprometer funções executivas, como controle inibitório, flexibilidade cognitiva e memória de trabalho, em razão da redistribuição do fluxo sanguíneo em favor do córtex motor. Esse fenômeno, denominado hipofrontalidade transitória, pode aumentar erros, reduzir foco atencional e prejudicar a tomada de decisão em contextos esportivos e profissionais. Compreender seus efeitos é essencial para subsidiar futuras intervenções. Portanto o objetivo deste estudo é desenvolver e testar um protocolo laboratorial para indução de hipofrontalidade transitória em indivíduos fisicamente ativos. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo piloto com três adultos (20-25 anos), fisicamente ativos. Na primeira visita, realizaram anamnese, caracterização antropométrica, aplicação dos testes Stroop e Flanker (familiarização) e avaliação da velocidade máxima e de pico em corrida. Na segunda visita, seguiram o protocolo experimental: (1) fadiga central pelo Stroop; (2) protocolo intermitente em esteira para fadiga periférica (10 sprints de 14s, com 92s de descanso ativo e 14s passivo, incluindo pausa de 3 min após 5 repetições). O teste de Flanker foi aplicado nos intervalos ativos e ao término do protocolo para avaliar tempo de reação e acurácia. RESULTADOS: Após a fadiga central, houve aumento de 75% na taxa de erros, sem alteração relevante no tempo de reação. No Bloco 1 de sprints, os erros cresceram 20%, sem mudanças expressivas no tempo de reação. No Bloco 2, verificou-se aumento de 25% nos erros e redução de 12,6% no tempo de reação. Após a recuperação, observou-se queda de 14,9% no tempo de reação e de 75% nos erros no Flanker. CONCLUSÃO: O protocolo produziu alterações cognitivas compatíveis com a hipofrontalidade transitória. Contudo, por se tratar de estudo piloto com apenas três participantes, os resultados devem ser interpretados com cautela, demandando estudos mais amplos para confirmar sua eficácia.

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