Resumo
A discussão sobre democracia no esporte ganha uma dimensão prática e aplicada quando consideramos a participação da Comissão de Atletas. Essa comissão desempenha um papel vital na promoção de valores democráticos dentro das organizações esportivas. A perspectiva dos pensadores contemporâneos, é alinhada com a importância da voz ativa dos atletas nas decisões que afetam suas carreiras e o cenário esportivo em geral. A Comissão de Atletas, nesse contexto, representa um veículo crucial para essa participação direta. Através de representantes escolhidos pelos próprios atletas, ela busca garantir que suas preocupações, perspectivas e necessidades sejam levadas em consideração nas tomadas de decisão. Além disso, a Comissão de Atletas desempenha um papel vital na desconstrução das hierarquias dentro do mundo esportivo. Embora a literatura aponte ascensão da participação do atleta nos órgãos de administração do desporto, esse estudo demonstrou através de uma análise documental que focalizou dentro do estatuto social e o regimento interno da comissão de atletas das 34 confederações olímpicas do Brasil, quatro parâmetros de análise: composição; processo eleitoral; competência; deveres. Esses parâmetros foram destrinchados em 17 indicadores encontrados nos documentos. Os indicadores delineiam as estruturas e práticas relacionadas à Comissão de Atletas nas Entidades Nacionais de Administração do Desporto (ENADES). Ao longo da pesquisa, os indicadores desvendaram facetas distintas das políticas e práticas relacionadas à Comissão de Atletas, proporcionando um panorama rico em nuances e complexidades. A análise meticulosa desses indicadores permitiu explorar a amplitude das abordagens adotadas pelas ENADES, abarcando desde a estrutura normativa até as nuances de representação, gênero e requisitos específicos de participação. Observamos que 32,35% das ENADES apresentam uma descrição explícita da Comissão de Atletas em seus documentos normativos, enquanto 67,65% não contemplam essa clareza. Essa divergência ressalta a necessidade de padrões normativos mais consistentes e a importância de promover a transparência nas estruturas esportivas nacionais. Um dos pontos que os dados apresentaram é a comissão de atleta não tem nenhum indicador ou artigo que faça referência ao processo de sucessão das comissões. O processo de sucessão na comissão de atletas, segundo Santos, Garcia e Costa (2019), é uma peça-chave na governança esportiva, exigindo uma abordagem estratégica para garantir a continuidade, renovação e eficácia na representação dos atletas. No contexto da sucessão, tornase imperativo integrar o planejamento estratégico nas entidades esportivas. Os autores ainda enfatizam que a antecipação de mudanças e a identificação proativa de talentos são aspectos cruciais para um processo de sucessão bem-sucedido. A capacitação contínua dos atletas representa um pilar essencial no processo de sucessão, conforme discutido por Smith e Wesson (2018). Programas de formação constante não apenas fortalecem as habilidades necessárias para funções de liderança, mas também mantêm os atletas atualizados sobre as dinâmicas do esporte, contribuindo assim para uma transição mais eficaz.