Como diferentes problemas de saúde mental estão interligados em atletas de endurance? Uma análise de redes

Atletas de modalidades de endurance apresentam elevadas prevalências de problemas de saúde mental, dos quais destacam-se o vício no exercício (18,2%) e desordens alimentares (62,5%). Estes transtornos não se apresentam de forma isolada, e a sua coexistência salientam que eles interagem mutuamente como uma rede, desempenhando papéis de desencadeadores ou potencializadores de sintomas uns dos outros. OBJETIVOS: analisar o padrão de conexão entre diferentes problemas de saúde mental em atletas de endurance, a partir da análise de rede. MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal, web-based e multicountry, cuja amostra foi composta por 382 atletas de endurance de ambos os sexos (43,2 ± 10,4 anos). Os dados foram obtidos em 2023, através de questionário online, e referem-se a: informações demográficas (idade, sexo, nacionalidade), volume de treinamento/semana, ansiedade (TAG-7), depressão (PHQ-9), distúrbio do sono (ASSQ), abuso de álcool (AUDIT-C), abuso de substâncias (CAGE-AID), transtornos alimentares (BEDA-Q), e dependência ao exercício (EAI). A análise de rede foi realizada, para verificar a associação entre as variáveis, com apresentação dos indicadores de centralidade (intermediação, proximidade e influência esperada). O software JASP 0.18.3.0 foi utilizado, e análises de bootstrapping foram conduzidas. RESULTADOS: A maior parte da amostra foi composta por ultramaratonistas (n=226; 59%) oriundos de diferentes continentes (África, n=2, 0,52%; América, n=158, 41,36%; Europa, n=220, 57,59%; Oceania, n=2, 0,52%). Os indicadores de centralidade indicam que ansiedade e depressão são as variáveis mais influentes da rede, com destaque para a ansiedade, que apresenta os maiores valores em todas as métricas (intermediação: 2.161; proximidade: 0.956; força: 1.968; influência esperada:1.908) e atua como o principal conector e agente de mudança na estrutura do sistema. CONCLUSÃO: Problemas de saúde mental estão interligados. Estratégias preventivas devem considerar o monitoramento dos padrões de ansiedade, a fim de reduzir o risco do desenvolvimento de outros desfechos negativos.

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