Comparação do efeito dum programa de treino de força e condição física integrado nas aulas de educação física e igual tratamento complementado com programa autodirigido e extraescolar, em estudantes do ensino secundário
Por Carlos Carvalho (Autor), Maria João Lagoa (Autor), Sara Ribeiro (Autor), Gustavo Silva (Autor), Alberto Carvalho (Autor), Luìsa Vieira (Autor).
Em XX Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
O aumento do sedentarismo e o pouco tempo de Atividade Física (AF) na escola afetam a saúde e o bem-estar dos estudantes. A Educação Física (EF) busca melhorar a Aptidão Física (ApF) e o desenvolvimento integral dos estudantes. As escolas, por serem espaços universais, com boas instalações e profissionais qualificados, têm grande potencial. No entanto, observa-se uma queda da AF ao longo da escolaridade, exigindo novas estratégias. As aulas de EF não devem ser o único espaço de prática de AF, mas é necessário que elas promovam conhecimentos e competências para que os jovens realizem AF de forma regular e segura, fora da escola.
Este estudo investigou o efeito de um programa de treino de força e condição física (Grupo Experimental - GE), ao qual foi complementado com um outro programa autodirigido (Grupo Experimental Especial - GEesp), realizado fora do contexto escolar e comparam-se os incrementos e os efeitos na ApF verificados entre os diferentes tratamentos.
Amostra constituída por 58 alunos do 10ºano, sendo 21 do GE, 24 do GEesp e 13 do Grupo Controlo (GC). Utilizou-se a bateria de testes FITescola®, para avaliação da AptF. O programa de treino incluiu ativação geral (5’ esquema coreografado c/música) e circuito (arremesso de BM, burpees, escada horizontal, serrote unilateral, remada invertida TRX, abdominais, corda naval, impulsão vertical, prensa elástica e kettlebell), executados durante período de 30s exercício alternados com 30s de recuperação, realizado durante 9 semanas. Durante este período, o GEesp realizou juntamente com o programa acima referido, um programa de treino adicional de força e condição física em casa (20 minutos) com 9 exercícios calisténicos monitorizados através de uma ficha de treino.
Após o programa de intervenção, o GEesp melhorou em todos os testes realizados, sendo que em 6 dos 9 testes apresentou ganhos estatisticamente significativos [flexões braços 10% (p=0.043); flexibilidade membro inferior esquerdo 7,7 e direito 10,3% (p=0.001 e 0.009)]; dinamometria mão esquerda e direita 6,1 e 3,5% (p=0.048 e 0.011) e lançamento de BM com 13,3% (p=0.001). Enquanto o GE melhorou em 7 testes, sendo que em alguns com incrementos estatisticamente significativos (abdominais 8,8%; impulsão horizontal 3%, dinamometria mão esquerda 6,4 e direita 5,9% e lançamento da BM de 5,7%. O GC também alterou o desempenho em alguns dos testes, mas só um com relevância estatística (dinamometria mão direita com 8,8%), tendo deteriorado em mais testes do que aqueles que conseguiu melhorar.
Assim, a implementação do programa de treino de força e de condição física nas aulas de EF foi eficaz na melhoria da ApF. Os resultados apresentados pelo GEesp ficaram aquém das expetativas, pois era expectável que existissem assinaláveis progressos na ApF com a adição das sessões de treinos para além das executadas nas aulas de EF regulares. É importante que num próximo estudo com propósitos semelhantes, se consiga criar processos de maior controlo no acompanhamento das atividades, incluindo apoio de sistemas digitais de monitorização.