Resumo

Os professores de Educação Física, diante da proposta da inclusão de alunos com deficiência no Sistema Regular de Ensino, receberam a responsabilidade de ministrarem aulas para alunos com e sem deficiência em uma mesma turma. Por razões legais, sociais e educacionais, o aluno com deficiência está no Sistema Regular de Ensino. Em contrapartida, ah responsabilidade, atribuída ao professor de Educação Física, depende de algumas questões que envolvem a formação acadêmica deste profissional, a experiência docente, e própria opinião sobre o assunto, que influenciam na concepção que este professor tem sobre a inclusão. Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa foi o de analisar como os professores de Educação Física da Rede Estadual do Ensino Fundamental (5ª série/6° ano a 8ª série/9° ano) e Ensino Médio da Região de Marília - SP, que tem alunos com deficiência regularmente matriculados, concebem sua prática escolar em relação à inclusão. Dentre as várias formas de pesquisa, optou-se pelo estudo descritivo. Para tal, foram realizados dois estudos. O Estudo 1 contemplou a realização de entrevistas semiestruturadas com seis professores de Educação Física que atuavam com alunos com deficiência auditiva, física e visual. As entrevistas partiram de um roteiro previamente elaborado e analisado por juízes. Todas as entrevistas foram transcritas na íntegra, e em seguida procedeu-se a análise do conteúdo, sendo realizada a análise temática. Diante do conteúdo das entrevistas, foram estabelecidos três grandes temas: 1) inclusão; 2) prática pedagógica, e 3) formação acadêmica e continuada. Os resultados indicaram que os seis professores de Educação Física entrevistados concebem sua prática escolar em relação à inclusão, de diferentes formas, tendo sido identificadas 58 diferentes concepções, que variaram entre: 1) as expectativas em relação à inclusão; 2) o aluno com deficiência; 3) a Educação Física; 4) A Proposta Curricular do Estado de São Paulo; 5) a avaliação do professor sobre as próprias aulas; 6) a influência da inclusão do aluno com deficiência no modo de ministrar aulas; 7) a participação do aluno com deficiência; 8) as estratégias de ensino; 9) os recursos pedagógicos; 10) as dificuldades; 11) a abordagem do tema inclusão durante a graduação, e 12) a modalidade formação continuada. O Estudo 2 refere-se à elaboração de um questionário com 21 perguntas fechadas provenientes das concepções identificadas no Estudo 1. Este questionário foi aplicado em 65 professores de Educação Física que atuavam com alunos com deficiência. Os resultados indicam que, dentre os 21 enunciados do questionário, os 65 participantes concordaram com sete; discordaram de oito, e para seis enunciados não houve uma diferenciação entre concordância e discordância. Em síntese, houve o predomínio de 11 concepções dentre as identificadas no Estudo 1. Ambos os estudos lidaram com a questão das concepções sobre inclusão, sendo que o primeiro abordou aspectos qualitativos e o segundo pautou-se em dados quantitativos para observar o poder de generalização das concepções identificadas no Estudo 1.

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