Integra

Inicio esse texto demarcando que sou a favor das políticas de amplo acesso, democratização e permanência para cursos de mestrado e doutorado no Brasil, tanto por meio da ampliação de cursos e oferta de vagas, quanto de bolsas e de políticas afirmativas. Além disso, esse texto não se alinha a argumentos elitistas de que mestrado e doutorado são para pessoas cognitivamente superiores ou que são cursos só para pesquisadores dedicados à carreira acadêmica. Novamente, demarco que cursos de mestrado e doutorado são cursos de pós-graduação, ponto. Qualquer pessoa com graduação está apta a se candidatar e são cursos para pessoas que desejam seguir a carreira acadêmica ou as demais carreiras, como Educação Básica, indústria, comércio, gestão, saúde, dentre outros, ou por outros motivos.

Fazer os cursos de mestrado e doutorado é relativamente simples, pois são cursos composto por disciplinas, critérios complementares e produção de textos, principalmente dissertação ou tese. O título desse texto remete à reflexão de que fazer mestrado e doutorado depende de três condições individuais iniciais, como num tripé que um depende do outro: gostar de estudar, estar bem de saúde e ter propósito.

Gostar de estudar é premissa para fazer esses cursos devido a densidade de leituras, discussões, participação em eventos, escrever textos, estudar línguas e tantas outras atividades que envolvem a formação de mestres e doutores.  Fazer a dissertação ou tese é a parte mais fácil. Difícil é gostar de estudar, de aprender, de ouvir a diversidade de pesquisas da área, de se envolver com o grupo de pesquisa e de se formar mestre e doutor. Isso sim é difícil e dá trabalho. 

Outro fator que importa muito é estar bem de saúde. Assim como quem assume cargos de gestão, fazer mestrado e doutorado são períodos intensos de atividades e demandas de formação. Se a pessoa não está bem, dificilmente será um mestrado ou doutorado que ajudará a melhorar a saúde. No geral, a saúde é bastante exigida, tanto física quanto mentalmente.

Além de gostar de estudar e estar bem de saúde, ter propósito explícito para a realização de mestrado e doutorado é fundamental para evitar a perda de tempo e recursos tanto da pessoa quanto da instituição. Sem entrar em juízo moral dos motivos individuais, ter um propósito de ordem pessoal e/ou profissional tende a facilitar a realização do curso e das relações ali estabelecidas. 

Por fim, e não restringido a discussão apenas na dimensão individual, a preocupação deste texto é com o crescente número de pessoas que não curtem o processo formativo de mestrado e doutorado, assim como diversas pessoas que concluem os cursos e possuem os títulos, mas não se constituíram como tal por falta desse tripé.

Fortaleza, 28 de fevereiro de 2025