Resumo

Tradicionalmente, no Brasil, o esporte na escola tem sido ligado às aulas de Educação Física (EF). As práticas coletivas, em geral, estimulam os estudantes a desenvolverem o respeito, diálogo, solidariedade e a convivência em grupo. No entanto, não se pode ignorar que tudo isso ocorre em um ambiente em que diferenças de ordem familiar, cultural, étnica, religiosa, manifestam-se abertamente, algumas vezes no formato de conflitos. No contexto da EF escolar, quando o tema é esporte, os conflitos se relacionam às regras do jogo, times, exposição das habilidades e busca excessiva pela vitória. Há situações envolvendo brigas de torcida, desavenças entre torcedores por camisa de time, condição técnica superior, entre outros. O professor precisa ser capaz de identificar conflitos e adotar procedimentos para que não se desdobrem em comportamentos violentos ou sexistas. Para tanto, atitudes mediadoras podem auxiliar visando melhor convívio social. Desta forma, questiona-se como e se o professor de EF percebe todo esse contexto e se está preparado para agir nessas situações. Objetivo: Compreender a percepção docente sobre a relação existente entre conflitos e intervenções pedagógicas. Metodologia: Pesquisa descritiva, qualitativa, que utilizou entrevistas semiestruturadas, diário de aula e reuniões, promovendo reflexão de problemas relacionais entre alunos e professor. Participaram da pesquisa três professores de EF, do Ensino Fundamental II e Médio, da rede particular de ensino de São Paulo. Os dados coletados passaram por análise de conteúdo, tendo como referência duas categorias: a) situações de conflito; b) ações implementadas. Resultados: Docentes apontaram suas limitações no processo de mediação e que antes percebiam os conflitos como negativos e que passaram a vê-los como importante oportunidade para realizar mediação e auxiliar os alunos a conhecerem a si e perceberem o outro. Conclusão: No ambiente escolar, são encontradas situações de agressões morais, físicas e psicológicas e isso tem sido uma preocupação para a sociedade atual e lidar com isso tem se tornado um desafio no processo de ensino. A pesquisa revelou que o processo de formação continuada e pesquisas que promovam a reflexão dos professores podem melhorar sua capacidade para identificar conflitos, mediá-los e agir de maneira a prevenir ocorrências por meio de práticas dialógicas que estimulem o relacionamento empático entre estudantes.

Referências Bibliográficas

CHRISPINO, A. Gestão do conflito escolar: da classificação dos conflitos aos modelos de mediação. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, Rio de Janeiro, v. 15, n. 54, p. 11-28, 2007. CECCON, C. et al. Conflitos na Escola: modos de transformar. São Paulo: CECIP Centro de criação de imagem popular e Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009. SCHÖN, D. Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA, A. (Org.). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.