Congresso Brasileiro de Educação Física

Parte de Da Educação Física . páginas 325

Resumo

Entrevista ao "Diário da Noite" a 4 de agôsto de 1925, sôbre o 1º Congresso Brasileiro de Educação Física, que devia reunir-se em São Paulo, na ssegunda quinzena de dezembro do mesmo ano.

A realidade ou ainda é um belo sonho?

A realidade ou ainda um belo sonho? Há muitos anos já se vem impondo a necessidade de se reunirem, e numa convenção nacional, tôdas as pessoas entendidas, particulares ou representantes oficiais, para o debate dessa grande questão de educação física, que, com ser importantíssimo problema de higiene social e base de tôda a educação ainda não foi atacada no Brasil. Quando em 1916 se discutia, no Rio, pela imprensa e na Sociedade Nacional de Medicina, "se convinha ou não às crianças a prática do futebol", lancei, pela primeira vez, numa entrevista ao "Correio da Manhã", que me interrogou sóbre o assunto, a idéia de um Congresso Brasileiro de Educação Física. Por essa época, há quase dez anos Mário Cardim tinha em São Paulo a mesma lembrança. A idéia então aventada acolhida com indiferença quase geral foi tomando vulto à medida que se difundia o interêsse pelas questões de educação. De minha parte nunca deixei passar o ensejo de lhe apregoar a utilidade. Finalmente há um mês atrás, quando me chegou a notícia de que, no seio da Federação Paulista de Atletismo, Américo Neto pensava em promover reunião de um Congresso Paulista, pleiteei junto a êste amigo para que desse à sua nobre iniciativa a amplitude, que devia ter, transformando-a num projeto de Congresso de Educação Física, de caráter nacional. O Dr. Américo Neto não só aceitou a sugestão como resolveu bater-se por ela, com essa vontade obstinada, que é um sinal de seu temperamento idealista e a fôrça criadora das grandes realizações. Estamos, pois, dispostos a trabalhar afincadamente pela transformação dêsses desejos num esplêndido acontecimento. As simpatias unânimes, com que foi agora recebida a idéia, parecem acentuar-lhe a oportunidade. Se não conseguirmos, por motivos independentes de nossa vontade, ficará a memoria de um "belo sonho", sem o cortejo de contrariedades, que costumam trazer êsses empreendimentos. A opinião pública procede, às vêzes, com os idealistas, como essas mulheres, de que fala Pierre Veber, no "Cyrano", e que aceitam a declaração de nosso desejo, a mas não se entregam, dando-nos o mais delicado dos prazeres e salvandonos de mil aborrecimentos...

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