Resumo

Este trabalho teve como propósito principal estudar o corpo mulher e suas relações com o futebol, procurando observar principalmente se as questões referentes aos preconceitos estão presentes na prática desta modalidade feminina. Para a realização desta pesquisa de campo, selecionamos um grupo de mulheres que participam de treinamentos e competições de futebol feminino nas regiões Noroeste e Sudoeste do Paraná, foram entrevistas doze (12) mulheres na faixa etária de 16 a 25 anos. A metodologia adotada foi estruturando na Técnica de Elaboração e Análise de Unidades de Significado utilizando-se da análise de discurso como recurso principal. O trabalho, então, se dividiu em quatro momentos: uma revisão bibliográfica sobre a retrospectiva da história, lutas e conquistas do corpo mulher na sociedade; um resgate da história, lutas e conquistas do corpo mulher no esporte; o corpo mulher conquistando o futebol no Brasil, observando os preconceitos construídos e utilizados contra a participação da mulher nesta área, e por fim, através de uma investigação qualitativa com duas perguntas geradoras, procuramos identificar e analisar os significados dos sujeitos. Concluímos, após discutirmos o tema e analisarmos os resultados, que todas as entrevistadas compreendem a modalidade de futebol como uma manifestação de alegria, prazer ou integração social. 58,3% estabelecem que a prática do futebol contribui no desenvolvimento motor e habilidades básicas. O incentivo da família foi importante para três entrevistadas participarem da prática do futebol. No passado, o preconceito contra o corpo mulher que praticava o futebol no Brasil era muito grande, com muitas restrições e desigualdades que contribuíram na participação de poucas jogadoras e competições deste gênero. Para 50,0% destas entrevistadas o preconceito é menor nos dias de hoje, mas infelizmente, ainda estão presentes em nossa sociedade. Percebe-se que alguns estereótipos desagradáveis como "sapatão" e "lésbicas", são lançados contra o corpo mulher que pratica o futebol. A falta de apoio, patrocínios e divulgação representam para 33,3% das entrevistadas, o principal obstáculo para reconhecimento e profissionalização deste esporte. Encontramos duas entrevistadas citando que não existe mais preconceito atualmente. Entretanto, apesar das desigualdades e preconceitos, 66,6% das entrevistadas afirmam que o corpo mulher está conquistando seu espaço neste esporte, citando como exemplo as competições internacionais de futebol feminino e principalmente a participação do corpo mulher na arbitragem do Campeonato Brasileiro de 2003. Finalmente, podemos relatar que apesar do futebol ainda apresentar sinais do patriarcado em nossa cultura, valorizando o corpo masculino e lançando alguns estereótipos e preconceitos que procuram controlar e dificultar a participação do corpo mulher neste esporte, o desenvolvimento e a inserção do futebol feminino está acontecendo. Estes obstáculos baseados nas relações de gênero estão sendo superados e diminuindo progressivamente, possibilitando uma participação mais ativa do corpo mulher nesta modalidade. Sendo que o papel educativo do professor de Educação Física neste processo é fundamental para orientar e combater estas desigualdades e preconceitos ainda existentes contra a participação do corpo mulher no futebol feminino.

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