Educação Física

Parte de Diretório Internacional de Ciências do Esporte . páginas 343 - 355

Resumo

1. Informação Geral

Este capítulo se concentra no desenvolvimento internacional da Educação Física. Para evitar repetições de outras sessões deste guia, este relata sobre as crescentes preocupações pelo estado e o status da Educação Física. Aconselhamos também aos leitores a consultar o capítulo sobre pedagogia esportiva neste Guia, porque ambos os conceitos são algumas vezes considerados sinônimos ou intimamente relacionados (por exemplo, Grupos de Interesse Especial na Austrália e no Reino Unido, bem como um jornal internacional de pesquisa são intitulados ‘Educação Física e Pedagogia do Esporte’). Mais comumente, contudo, a pedagogia do esporte presume referência à Educação Física bem como aos contextos relacionados tais como o treinamento esportivo. O termo Educação Física, inicialmente predominante nos países anglofônicos, é geralmente usado para um espectro menor de assuntos que a área do currículo escolar referente às atividades físicas estruturadas e supervisionadas durante o dia escolar (Bailey, 2006)

1.1. Desenvolvimento Histórico

Os anos recentes viram um tumulto de atividade política e advocatícia dirigida a reclamar e assegurar o lugar da Educação Física no currículo escolar. Em alguma medida, contudo, as preocupações pelo lugar da matéria podem ser traçadas retrospectivamente por muitos anos até a origem da escola formal (Kirk, 1992). Isto parece ser um legado da Antiguidade e do pensamento iluminista que ensinava que o corpo é, nas palavras de Platão, o ‘túmulo da alma’, e que corpo e alma não são apenas separados, mas opostos e desiguais. A visão de Descartes que ‘o corpo humano pode ser considerado uma máquina’ captura primorosamente a compreensão dominante do papel do corpo na educação e no desenvolvimento: ele precisa ser mantido, mas tal manutenção certamente não se constitui no verdadeiro negócio da escolarização mais do que é da vida (Best, 1978). Portanto, a Educação Física tem sido tradicionalmente interpretada pelos fazedores de currículo e governos em termos de manutenção do corpo, ao invés de aprendizagem. Barrow (1982) captura o espírito deste relegar da educação física a uma posição marginal quando escreve que ela certamente se qualifica como parte da escolarização, desde que contribua para a saúde e o condicionamento das crianças, mas não se qualifica como atividade propriamente educacional. Não é surpreendente então que quando as instituições educacionais são forçadas a priorizar ou a economizar, àquelas matérias à margem são as mais provavelmente sacrificadas.

Foi durante os anos 1970 e 1980 que os acadêmicos e profissionais do mundo todo começaram a reportar um declínio na posição e na segurança da Educação Física. O ano de 1978 viu a criação da Carta Internacional da Educação Física e do Esporte, criada sob os auspícios da UNESCO. A carta afirmava um conjunto de artigos incluindo os seguintes:

Artigo 1. A prática da educação física e do esporte é um direito fundamental de todos.
Artigo 2. A educação física e o esporte são um elemento essencial da educação permanente no sistema global de educação.
Artigo 3. Os programas de educação física e esporte devem atender às necessidades individuais e sociais.
Artigo 4. A cooperação internacional é um prerrequisito para a promoção universal e equilibrada da educação física e do esporte.

(Revisão: Guilherme Pacheco Pereira)

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