Editora Paco Editorial. None None. 116 páginas.

Sobre

A frase acima é apresentada por Marcos Garcia Neira, na introdução desta obra. A coletividade, a cooperação e a participação conferem atualidade e relevância para os debates do campo da Educação Física, mas, também, há algum tempo estão presentes no campo da Educação, nas lutas, militâncias e escritos de Darcy Ribeiro, Paulo Freire, Carlos Rodrigues Brandão e outros, pela justiça social e curricular. Um ensino que se propõe ser construído com o outro, nas relações cotidianas da Educação Física escolar, em que pesem significados diversos, plurais e de reconhecimento de diferenças de todos os envolvidos, além de contra-hegemônico, é uma decisão por uma forma artesanal de manufatura, compartilhada. A recente história da Educação Física escolar brasileira, a partir do denominado movimento renovador, tem produzido tensões em sentidos contra-hegemônicos, e a produção científica no campo parece diagnosticar as ausências e invisibilidades emergentes, com o “ponteiro da bússola” apontando para uma direção de enfrentamento das desigualdades e injustiças sociais e curriculares de um projeto hegemônico – ainda e cada vez mais – em curso. Assim, parece desafiador problematizar a questão proposta por Bracht (2001, p. 69)1 : “[...] por quais razões a Educação Física passou a integrar os currículos escolares? [...]”. A resposta parece permanecer potencializada nas reflexões e argumentos dos projetos educacionais que a situam – Educação Física – na intencionalidade didático-pedagógica que vá para além do determinismo histórico advindo da colonização de outro campo de conhecimento e da conveniência da produção de consumidores, na insistência em ensinar o que não tem sentido para alunos e professores. A legitimidade estaria, assim, na produção do reconhecimento, dos significados circunscritos e compartilhados nas culturas dos que operam nas “margens” de um projeto hegemônico, colonizador, da masculinidade branca e de mercado. Está há tanto tempo por aí, que nem mesmo o vemos como tal, pela força de sua capilarização doutrinária, na disseminação das identidades culturais dominantes. Há muitos casos interessantes na literatura nacional sobre o ensino da Educação Física na escola, mas, também há “arranjos”, “jeitinhos”, “simbioses”, “enxertos” e “Frankensteins” nos projetos curriculares e nas prescrições didáticas para ensinar esse componente curricular na escola (e aqui emprego escola no singular mesmo, pois a receita parece servir para todas de maneira igual). De maneira radicalmente contrária, Paulo Freire defendia uma educação progressista posicionada para “[...] saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção [...]” (Freire, 1997, p. 52)2 . Simples? Não O livro Educação Física cultural: inspiração e prática pedagógica é a narrativa do posicionamento e da militância de professores de Educação Física por um projeto contra-hegemônico de reconhecimento dos significados produzidos e compartilhados sobre as práticas corporais com os alunos e alunas nas culturas escolares. Não é prescrição, não é manual e nem se encerra em si mesmo, como verdade ou doutrina. Pelo contrário! É o desafio de aprender com e sobre os significados das práticas corporais e as formas que a cercam e produzem representações. É uma narrativa do conhecimento produzido no desafio cotidiano dos professores, alunos e alunas de escolas cheias de vidas, dinâmicas e ameaçadas pela reprodução das desigualdades

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