Resumo

Intervenções com pausas ativas (PA) e lições fisicamente ativas (LFA) têm sido testadas como meio de aumentar o nível de atividade física na sala de aula, promovendo melhora na função cognitiva, desempenho acadêmico e sucesso escolar em crianças. Contudo, o fato da maioria dos estudos terem sido conduzidos em países de alta renda, faz com que seja necessário avaliar essa realidade/cenário em países de baixa e média renda, principalmente com relação ao tempo que a criança passa na escola. OBJETIVO: Avaliar e comparar os efeitos de intervenções com PA e LFA sobre a função cognitiva de estudantes do primeiro ano do ensino fundamental. MÉTODOS: Se trata de um ensaio clínico randomizado por cluster conduzido em escolas municipais de Aracaju/SE. Um total de 6 escolas foram sorteadas e distribuídas aleatoriamente em três grupos: 1) grupo PA (2 escolas; 6 turmas; n= 60), realizaram interrupções de 5 a 10 minutos com movimento (por exemplo, agachamento, polichinelo e etc.) entre as lições/tarefas de aula para interromper o tempo sentado, em dias contrários as aulas de educação física; 2) grupo LFA (2 escolas; 5 turmas; n= 77) realizaram aulas combinando movimento com o conteúdo pedagógico (por exemplo, formar letras do alfabeto utilizando o próprio corpo), em dias contrários as aulas de educação física; e 3) grupo controle (2 escolas; 5 turmas; n=46), currículo tradicional. As intervenções ocorreram entre os meses de setembro e novembro de 2022. A função cognitiva foi avaliada por meio do tempo de reação (TR) e o total de acertos (TA) por três testes computadorizados: 1) Go/NoGo (controle inibitório); 2) Mental Rotation (reconhecimento espacial); e 3) DigitSpan (memória de trabalho). Modelos de Equações de Estimativa Generalizada foram utilizados para verificar o efeito das interações ao longo do tempo. Diferenças iniciais foram ajustadas pelo baseline. Todas as análises estatísticas foram conduzidas no software SPSS 29.0 e foi adotado o nível de significância de 5%. RESULTADOS: Observamos interação grupos vs tempo para as variáveis Go/NoGo (TR: p= 0,025) e DigitSpan (TA: p=0,023). No Go/NoGo uma redução significativa na média de TR foi observada no grupo LFA (-122,9 ms; p<0,001), enquanto não houve diferença nos grupos PA (-8,6 ms; p=0,818) e Controle (-23,3 ms; p=0,627). No DigitSpan um aumento significativo na média de TA foi observada no grupo LFA (0,77 acertos; p<0,001), enquanto não houve diferença nos grupos PA (0,03 acertos; p= 0,875) e Controle (0,07 acertos; p=0,827). CONCLUSÃO: Nossos resultados apontam que aulas fisicamente ativas podem melhorar o controle inibitório e memória de trabalho de escolares. Entretanto, as estratégias adotadas não contribuíram significativamente para melhorar a habilidade de reconhecimento espacial.

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