Resumo

Telômeros são complexos compostos por ácido desoxirribonucleico e proteínas localizados nas extremidades dos cromossomos, formados por uma pequena sequência de bases nitrogenadas (5’-TTAGGGn -3’) repetida diversas vezes. Encontram-se ligados a um complexo multiprotéico denominado “shelterin” composto por seis proteínas (TRF1, TRF2, POT1, TIN2, Rap1 e TPP1) que mantém a homeostase telomérica, prevenindo a degradação. Os telômeros são afetados pela incapacidade da DNA polimerase replicar completamente o final da fita 5’ do cromossomo. Os resultados de tal falha são sucessíveis encurtamentos a cada divisão celular, o que leva à telômeros extremamente curtos ao término das divisões celulares, resultando na senescência celular. Sendo assim, considerados um potencial biomarcador do envelhecimento a nível celular. O encurtamento dos telômeros tem sido associado a um maior risco de desenvolvimento de doenças associadas ao envelhecimento, tais como, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares e obesidade. Em contra partida, acredita-se que o exercício físico possa atenuar a velocidade de encurtamento dos telômeros, mesmo em indivíduos idosos. Contudo, é possível que exista uma ‘dose’ ideal de exercício físico que possa potencializar este efeito benéfico. Assim, o objetivo do presente estudo foi analisar e comparar os efeitos do treinamento aeróbio de natação realizado em dois domínios de intensidade (alta e baixa) sobre a expressão dos genes que codificam as proteínas de proteção telomérica (trf1 e trf2), proteínas associadas à senescência celular (p53 e Chek2), além de mensurar o comprimento do telômero no gastrocnêmio e no miocárdio de camundongos idosos. Dezesseis animais foram divididos em quatro grupos: dois grupos submetidos a doze semanas de treinamento físico de natação em baixa intensidade (BI) ou alta intensidade (AI) e dois que permaneceram sedentários pelo mesmo período, sendo um grupo de animais jovens (CONTj) e um de animais idosos (CONTi). O treinamento consistiu do exercício de natação, três vezes por semana, 20 minutos por sessão para o grupo AI e 40 minutos para o BI, com carga correspondente a 3%PC (BI) e 6%PC (AI). Um teste incremental para avaliação funcional fora realizado a cada quatro semanas para mensuração da carga máxima (Gmáx). Após o término do período de treinamento, os animais foram sacrificados para retirada de amostras de tecido para análise da expressão dos genes relacionados aos telômeros. Os resultados obtidos sugerem que o exercício de alta intensidade seja “teloprotetor” no tecido gastrocnêmio, uma vez que o comprimento do telômero dos animais idosos não diferiu entre si, contudo, os animais desse grupo (AI) apresentaram uma menor expressão dos genes das proteínas protetoras (trf1 e trf2) e da senescência celular (p53). Esses resultados sugerem que a intensidade na qual o exercício é realizado interfere no comprimento dos telômeros e que tal resposta é tecido dependente, uma vez que os mesmos resultados não foram observado do tecido cardíaco dos animais.

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