Resumo

O exercício físico aeróbio contínuo realizado por 6 meses ou mais promove aumento do volume encefálico em idosos saudáveis, porém evidências apontam que exercícios que envolvam maiores demandas de processos de atenção e memória e tenham presente na sua execução maior dificuldade motora (exercício com elevada complexidade da tarefa motora) também apresentam potencial para aumento do volume encefálico. Para investigar um possível efeito aditivo dos exercícios aeróbio e de elevada complexidade da tarefa motora, 45 idosos (66±3 anos), cognitivamente saudáveis (Mini exame estado mental 27±2) participaram de um ensaio clínico randomizado (registro brasileiro de ensaios clínicos RBR-8zjf6b) com 24 sessões (3 meses) de treinamento em dias não consecutivos. Estes foram randomizados em 3 grupos de exercício físico aeróbio, sendo: com baixa complexidade da tarefa motora (BCM), com elevada complexidade da tarefa motora (ECM) e com elevada complexidade da tarefa motora combinado com exergames (ECMEG). Avalições no momento inicial e após 12 semanas (3 meses) foram realizadas considerando variáveis de: (1) função cognitiva [volume encefálico (ressonância magnética); concentração do fator neurotrófico derivado do cérebro - BDNF (amostra sanguínea); avaliações de função cognitiva (Memória - Teste de aprendizagem auditivoverbal de Rey - RAVLT, Função Executiva – Trail Making Test A e B (TMT-A e B), Velocidade de Processamento – Digit Symbol substituition; Cognição global – Avaliação Cognitiva de Montreal (MoCA) e bateria de avaliação frontal (FAB)]; (2) funcionalidade [Força de preensão manual, teste de sentar e levantar, Time Up and Go teste (TUG), Time Up and Go cognitive teste (TUGcog) e VO2 pico)]; e (3) parâmetros de marcha (número de passos, tempo, cadência, velocidade, comprimento da passada). Os resultados demonstram que, na análise de modelo misto não foram observados efeitos significantes (interação grupo x tempo) no desfecho primário – volume do lobo frontal (p= 0,23), bem como em nenhum dos desfechos secundários, o que significa que não há diferença entre os três tipos de intervenção. Porém, efeitos principais de tempo foram observados, nos desfechos: substância branca cerebelar lado direito (p =0,02), cerebelo total (p=0,01), cerebelo lado direito (p=0,01); BDNF (=<0,01); TMT-A (p=0,01), STROOP A (p=0,01), STROOP B (p=0,01), FAB (p=0,01); força de preensão manual (p=0,03), teste de sentar e levantar (p=0,01), TUG (p=0,01), TUGcog (p=0,01), VO2 pico (p=0,01); variáveis de marcha nas condições: a) caminhada tarefa simples [tempo (p = 0,02), cadência (p = 0,02) e velocidade (p = 0,04); b) caminhada tarefa dupla (palavras) [(tempo (p = 0,02), cadência (p = 0,01), velocidade (p = 0,01)] e c) caminhada tarefa dupla (cálculos) [tempo (p = 0,01), cálculos corretos (p = 0,01), cadência (p = 0,01) e velocidade (p = 0,04)], o que demonstra que apesar de não haver diferenças entre os três grupos, considerando os momentos pré e pós intervenção existem diferenças entre os tempos. Na análise de magnitude de efeito, observou-se TE sem que o IC tocasse o zero favor do grupo BCM em 10 variáveis, a favor do grupo ECM em 13 variáveis e do grupo ECMEG em 10 variáveis, sendo que no grupo ECMEG foi observado tendência de mudança nas variáveis de volume encefálico: substância cerebelar lado direito, cerebelo total e cerebelo lado direito. Desta forma, foi demonstrado que exercícios aeróbios com maiores níveis de complexidade da tarefa motora (ECM ou ECMEG) não se diferenciam do exercício de BCM quanto as mudanças proporcionadas à idosos, porém ambos os grupos melhoram as variáveis destacadas, com tendência a mudança no volume das estruturas encefálicas citadas a favor do grupo ECMEG. Palavras-chave: 

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