Resumo
O tratamento e a prevenção do diabetes incluem estratégias farmacológicas e comportamentais. As mudanças de estilo de vida, como adoção de alimentação saudável, cessação do tabagismo, melhora do sono, cuidados psicossociais, aumento do nível de atividade física e prática regular de exercícios físicos, são fundamentais para o adequado manejo do diabetes e prevenção do seu desenvolvimento. A educação em saúde é um elemento chave para promoção dessas mudanças no estilo de vida. Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo comparar a efetividade do programa de Exercício e Educação para o Estilo de Vida (ExEd) desenvolvido para brasileiros com um programa, exclusivamente, de Exercício (Ex) para a melhoria da capacidade funcional, conhecimento relacionado à doença, autoeficácia para o exercício, letramento em saúde, nível de atividade física, adesão ao padrão alimentar da dieta do Mediterrâneo, adesão medicamentosa, medidas antropométricas, hemoglobina glicada, controle autonômico cardíaco, qualidade de vida, sintomas depressivos, qualidade da dieta, comorbidades relacionadas ao diabetes, satisfação e adesão ao programa em indivíduos com prédiabetes e diabetes. Para isso foi realizado um ensaio clínico randomizado, multicêntrico e duplo-cego, envolvendo uma intervenção de 12 semanas com dois grupos paralelos: ExEd e Ex. Os participantes poderiam receber as intervenções do programa para o qual foram randomizados e alocados de forma presencial ou remota, dependendo do acesso à internet e do grau de letramento digital. O programa Ex incluiu exercícios aeróbicos, exercícios de resistência muscular e orientações para que os participantes acumulassem pelo menos 150 minutos de exercício aeróbico de intensidade moderada a vigorosa por semana. Enquanto o ExEd seguiu o mesmo programa de exercícios e incorporou sessões de educação estruturada. Duzentos e sessenta e quatro indivíduos (65,9% do sexo feminino; 52,1±12,6 anos) foram randomizados, e 165 coconcluíram o programa no qual foram alocados. Ambos os programas promoveram aumento significativo da capacidade funcional, mensurada pela distância percorrida no Incremental Shuttle Walking Test (ExEd: 413 para 420 metros; Ex: 380 para 399 metros), letramento em saúde, níveis de atividade física e adesão ao padrão alimentar da dieta mediterrânea. Enquanto o programa ExEd promoveu um aumento do conhecimento relacionado à doença, mensurado pelo escore total do DATE-Q, para níveis significativamente mais altos em comparação ao programa Ex (ExEd: 13,4 para 14,7 pontos; Ex: 13,6 para 14,1 pontos). Não foram observadas diferenças significativas da qualidade de vida, dos sintomas depressivos ou da adesão medicamentosa em resposta aos programas. A adesão às intervenções foi semelhante (Exercício (ExEd + Ex): 51%; Educação (ExEd): 47%), independentemente do programa alocado, e a maioria dos participantes (83%) relatou alta satisfação com as intervenções recebidas. Sendo assim, podemos concluir que ambos os programas foram efetivos em promover a melhora da maioria dos desfechos investigados. Entretanto, o programa ExEd foi mais efetivo que o programa Ex na promoção de melhora do conhecimento relacionado à doença.