Resumo
O envelhecimento altera morfoquantitativamente e de forma deletéria as cartilagens articulares. Vários trabalhos demonstram os efeitos benéficos e profiláticos da realização de exercícios. O American College of Sports Medicine recomenda minimamente 30min de atividades físicas leves por dia, 5 dias por semana, para manutenção da saúde. Questiona-se se essa recomendação linear é suficiente para manter saudáveis as cartilagens articulares, tecidos dos quais inexistem pesquisas sobre os efeitos morfoquantitativos de exercícios contínuos e acumulados no envelhecimento. O objetivo deste trabalho é investigar, utilizando o rato Wistar como modelo, se a realização destes dois tipos de exercício influencia os efeitos do envelhecimento na cartilagem articular proximal da tíbia. Utilizaram-se 20 animais sedentários com 12 meses de idade, distribuídos igualmente em 4 grupos: Grupo Controle Inicial (GCI), eutanasiados aos 12 meses de idade; Grupo Sedentário Final (GCF), sedentários eutanasiados aos 16 meses de idade; Grupo de Exercício Contínuo (GEC), que realizaram 30min de caminhada leve ininterrupta em esteira rolante dos 12 aos 16 meses de idade, e Grupo de Exercício Acumulado (GEA), que realizaram 15min de caminhada em esteira rolante pela manhã e outros 15min à tarde, dos 12 aos 16 meses de idade. Pesaram-se os animais no início e no final do experimento. Cortes histológicos da cartilagem articular proximal da tíbia foram corados pela Hematoxilina-Eosina e pelo Picrossírius. Utilizando técnicas morfométricas e estereológicas, mediu-se em cada uma das três camadas – Superficial (CS); Média (CM) e Profunda (CP) da cartilagem articular: 1 – espessura; 2 – porcentagem de matriz extracelular (ME); 3 – densidade númerica de condrócitos; 4 – porcentagem de fibras colágenas; 5 – volume nuclear médio dos condrócitos. Os resultados mostram que o envelhecimento: 1 - reduziu significantemente as espessuras das três camadas, e somente o exercício acumulado impediu a diminuição de espessura da CS com o envelhecimento; 2 - promoveu um aumento significante na proporção de porcentagem ocupada pela ME em relação à área analisada nas três camadas, e os dois tipos de exercícios não foram eficazes para reverter esse processo; 3 - diminuiu significantemente a densidade numérica de condrócitos nas três camadas, e ambos os tipos de exercício não puderam reverter esses efeitos; 4 - promoveu aumento significante na porcentagem de fibras colágenas somente na CS, porém o exercício acumulado foi capaz de reverter esse quadro na CS, e ambos os tipos de exercício na CM. Já na CP, nem o envelhecimento nem os dois tipos de exercício influenciaram esse parâmetro; 5 - produziu uma redução significante no volume nuclear médio dos condrócitos nas três camadas, e nenhum dos dois tipos de exercício foi capaz de reverter este resultado. Mostra-se também que não houve alterações significativas nos pesos dos animais no início e no final do estudo, e nota-se uma discreta vantagem no emprego do exercício acumulado na busca da reversão dos efeitos deletérios do envelhecimento em relação ao exercício contínuo. Ainda, que a recomendação mínima de atividade física semanal do American College of Sports Medicine para a manutenção da saúde desse tecido, no modelo animal e nas condições estudadas, mostrou-se ineficaz. O presente estudou trouxe uma inovação tecnológica ao empregar uma versão digital do “Frame” ou Sistema Teste.