Resumo

INTRODUÇÃO: Iniciada ainda na década de 1930, a interface entre Estado e setor esportivo no Brasil, historicamente, caracteriza-se por um predomínio das ações voltadas ao alto rendimento. Nesse sentido, este artigo versa sobre a política de esporte de alto rendimento brasileira em tempos recentes.
OBJETIVO: Mais especificamente, o objeto de pesquisa é o Programa Bolsa-Atleta (PBA). O texto tem como objetivo identificar os impactos da definição do Brasil como sede das Olimpíadas de 2016 na política pública brasileira para o esporte de alto rendimento, a partir da análise da abrangência e financiamento do PBA nos anos de 2009 a 2016.
MÉTODOS: Trata-se de uma pesquisa predominantemente qualitativa e de dimensão exploratória. Para coleta dos dados foi empregada a técnica de análise documental em fontes primárias e secundárias.
RESULTADOS: Os resultados confirmam a concentração da distribuição do PBA na região Sudeste e Sul, demonstram um comportamento oscilante do financiamento para o Programa, bem como apontam para uma relação entre mudanças na política nacional de esporte influenciadas pelos Jogos Olímpicos RIO 2016, considerando a concentração dos benefícios em modalidades olímpicas e naqueles atletas com maiores chances de medalha na competição.
CONCLUSÃO: De forma mais geral, a análise do financiamento e gestão do PBA confirma a mudança na política nacional de esporte, tendo os megaeventos esportivos como princípio organizador da agenda de esporte e lazer do país. Mais especificamente, observa-se que o PBA reproduz comportamento oscilante do financiamento público para o esporte no Brasil, bem como reproduz a concentração do benefício em locais específicos e nos atletas mais desenvolvidos, o que evidencia a necessidade de maior aporte na formação esportiva para o surgimento de novos esportistas.

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