Esporte e pessoas com deficiência visual: discussão sobre a criação de uma nova classe para o futebol de baixa visão
Por Rafael Estevam Reis (Autor), Alessandro Macedo (Autor), Paulo Roberto Moreira (Autor).
Em Revista da Associação Brasileira de Atividade Motora Adaptada - SOBAMA v. 26, n 1, 2025.
Resumo
O paradesporto desempenha um papel essencial para pessoas com deficiência, permitindo a prática esportiva que promove inclusão, qualidade de vida e, em alguns casos, possibilita tornarem-se atletas. No entanto, algumas modalidades, como o futebol para pessoas com baixa visão, ainda enfrentam desafios em seu desenvolvimento. Além disso, indivíduos com graus mais leves ou moderados de deficiência visual frequentemente não são elegíveis para competir, evidenciando uma lacuna que precisa ser preenchida. Este estudo tem como objetivo propor uma nova classe esportiva para ampliar a participação desses atletas. A pesquisa adota abordagem exploratória e qualitativa, baseada em análise documental e revisão bibliográfica, utilizando dados de organizações internacionais e legislação brasileira. Os resultados apontam limitações no atual sistema de classificação oftalmológica, que contempla as classes B1, B2 e B3, excluindo indivíduos com menor comprometimento visual. Inspirando-se em iniciativas internacionais, como a classe B4 adotada no Reino Unido, sugerimos a criação de categorias que incorporem critérios de funcionalidade e testes técnicos, além da inclusão de atletas com visão monocular no futebol de baixa visão. A discussão evidencia que a ampliação das classes pode aumentar a equidade esportiva, revelar novos talentos e fortalecer o esporte. Contudo, sua viabilidade depende de ajustes e aceitação por parte das entidades esportivas. Concluímos que a criação de novas classes no futebol de baixa visão é uma solução viável para promover maior inclusão e desenvolvimento da modalidade, contribuindo para a consolidação do esporte no Brasil.
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