Fatores associados ao nível de atividade física ocupacional entre adultos participantes de um projeto de extensão
Por Jean Lucas Rosa (Autor), Carolina Giradi Ribeiro da Rocha (Autor), Henrique Ian Machado Vieira (Autor).
Em XV Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde - CBAFS
Resumo
A atividade física (AF) ocupacional pode representar parte importante do nível de AF geral da população menos favorecida economicamente, podendo ocorrer em condições impróprias, com repetição e sobrecarga. Investigar fatores associados é relevante para entender melhor seus impactos. Objetivo: Verificar se há associação entre características sociodemográficas, antropométricas, psicológicas e percepção de qualidade de vida (QV) com a AF ocupacional em adultos. Procedimentos metodológicos: Estudo transversal, com 164 participantes de um projeto de extensão da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP-USP), no momento do ingresso (avaliação inicial). Idade, raça/cor, gênero e escolaridade foram autorrelatados; circunferência da cintura foi medida; percepção de QV avaliada pelo SF-12v2; risco para ansiedade e depressão pelo DASS-21; e, AF ocupacional estimada pelo Questionário Baecke. Para seleção das variáveis preditoras, aplicou-se regressão LASSO, seguida de regressão linear múltipla (pacote glmnet em linguagem R). Resultados: A amostra foi composta majoritariamente por mulheres (68,1%), pessoas brancas (69,3%) e com ensino superior completo (53,4%). No modelo final três variáveis apresentaram associação significativa com a AF ocupacional: AF total (β=0,38;IC95%=[0,24;0,52]), risco para sintomas de ansiedade (β=0,05;IC95%=[0,01;0,08]) e dor corporal (domínio da QV) (β=-0,01;IC95%=[-0,02;-0,00]). As demais variáveis não foram estatisticamente significativas. O modelo explicou 54% da variabilidade (R² ajustado=0,54). Conclusão: Encontrou-se associação entre a AF ocupacional e maior risco para sintomas de ansiedade e pior percepção de dor corporal. Os achados podem ajudar na compreensão do papel multifacetado da AF ocupacional e a necessidade de estratégias que considerem não apenas o volume, mas também a qualidade e impacto emocional do movimento no trabalho. É importante reforçar a discussão de que nem todo movimento é saudável, e compreender esse limite é crucial para a elaboração de políticas públicas justas e contextualizadas.