Resumo

Esta tese se propõe a discutir a interseccionalidade enquanto práxis, tendo a ação social como modo de conhecimento, a partir de uma pesquisa qualitativa, exploratória, etnográfica e escrevivencial. O trabalho conta com dois movimentos que se complementam em sua metodologia: o primeiro, com a inspiração etnográfica urbana que conta com dados gerados ao longo dos anos de 2023 e 2024, a partir da circulação no contexto do lazer de quatro dançarinas negras do Hip-Hop, da cidade de Belo Horizonte Mg; um segundo movimento se deu a partir da escrevivência destas mulheres, que reverberam na articulação entre pensamento, escrita e dança, que anunciamos na pesquisa como corposcrevência. O embasamento teórico foi tecido de forma interdisciplinar, a partir de Patricia Hill Collins com a relação entre o pensamento feminista negro, a interseccionalidade e o Hip-Hop, Christianne Luce Gomes conceituando o lazer como necessidade humana na dimensão da cultura, Nilma Lino Gomes com os saberes estético-corpóreos, o Movimento Negro Educador e o corpo emancipado, Paulo Freire trazendo o corpo consciente e a relação entre humanização e desumanização e, por fim, bell hooks com a questão da autorrecuperação de mulheres negras e o lugar dos afetos nas relações de produção do conhecimento. As análises revelaram que as mulheres negras são atravessadas pelas questões de raça, gênero, classe e sexualidade, que lhes produzem experiências no campo do lazer qualitativamente diferenciadas. Em contraponto, produzem resistência por meio de múltiplos letramentos, organizações que lhes são próprias e pelos seus corpos-territórios, que reverberam em um território dos afetos que as sustentam para a fabulação de futuros outros, possíveis, em lazeres interseccionais.

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