Resumo
A lombalgia crônica inespecífica (LCI) está associada ao aumento da atividade simpática, o que eleva a frequência cardíaca (FC) e compromete a recuperação cardiovascular Objetivo: Analisar as respostas cardiovasculares e a variabilidade da frequência cardíaca em indivíduos com LCI, comparando-as com as de indivíduos sem lombalgia. Materiais e Métodos: Este estudo transversal avaliou 23 indivíduos com LCI e 28 controles saudáveis, sedentários, com idades entre 18 e 45 anos. Os participantes foram recrutados de forma voluntária em comunidades locais e na universidade, e divididos em dois grupos com base na presença ou ausência de LCI, confirmada por avaliação clínica e instrumentos validados como a Escala Numérica de Dor e o Questionário de Incapacidade de Roland-Morris. Parâmetros cardiovasculares, incluindo a Frequência Cardíaca de Recuperação (FCR), o Duplo Produto da Pressão Arterial (DDPA) e a Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC), foram analisados durante repouso e esforço físico. Todos os procedimentos seguiram diretrizes éticas aprovadas pelo Comitê de Ética da UFMA (CAAE: 14783219.2.0000.5087). Resultados: GC apresentou uma FCR significativamente maior em todos os períodos avaliados (11.04 ± 2.38; 31.7 ± 3.52; 39.2 ± 3.48; 46.3 ± 3.65; 54.1 ± 3.64; 61.6 ± 3.07, respectivamente) em comparação ao grupo LCI. No DDPA, o GC apresentou uma média significativamente menor nos três momentos avaliados (10036 ± 1081; 33220 ± 1687; 17549 ± 865, respectivamente). Em relação à VFC, o GC demonstrou valores significativamente maiores em todas as variáveis. No domínio do tempo, antes do teste de esforço, o GC apresentou intervalos RR médios mais altos (713 ± 89,0 ms vs. 638 ± 111,2 ms; p = 0,010), assim como o SDNN (41,0 ± 3,85 ms vs. 36,6 ± 3,52 ms; p < 0,001) e o RMSSD (39,8 ± 4,54 ms vs. 29,5 ± 4,48 ms; p < 0,001). Após o teste, as diferenças persistiram, com o SDNN significativamente menor no LCI (6,70 ± 2,54 ms vs. 15,43 ± 4,60 ms; p < 0,001). No domínio da frequência, antes do teste, o GC apresentou valores maiores de LF (506 ± 105,7 ms² vs. 454 ± 67,5 ms²; p = 0,029) e HF (511 ± 154,6 ms² vs. 360 ± 68,6 ms²; p < 0,001). Após o teste de esforço, houve uma redução mais acentuada em ambos os componentes no LCI, com LF (11,3 ± 4,59 ms² vs. 32,5 ± 18,25 ms²; p < 0,001) e HF (4,17 ± 3,55 ms² vs. 21,69 ± 15,40 ms²; p < 0,001), indicando menor capacidade adaptativa autonômica no grupo LCI. A razão LF/HF foi maior no LCI antes do teste (1,28 ± 0,17 vs. 1,06 ± 0,33; p = 0,002) e permaneceu mais alta após o teste (4,88 ± 3,51 vs. 1,78 ± 1,06; p < 0,001), sugerindo maior atividade simpática relativa e menor equilíbrio autonômico. Conclusão: indivíduos com lombalgia crônica inespecífica apresentam uma disfunção autonômica significativa, caracterizada por uma menor variabilidade da frequência cardíaca e uma carga cardíaca aumentada, tanto em repouso quanto durante o esforço.