Resumo

A proposta deste minicurso é com uma prática chamada: Fútbol Callejero, uma maneira de se jogar futebol dentre outras existentes, chamando atenção para a pluralização do futebol, ou seja, futebóis. O Fútbol Callejero foi criado e pensado em Moreno, região empobrecida da área metropolitana de Buenos Aires, Argentina, em meados da década de 1990 por Fabían Ferraro. O jogo ocorre em três tempos, no primeiro cria-se as regras da partida, o segundo é jogado a partir da regras acordadas e no terceiro acontece a mediação. Nesta prática meninas e meninos jogam juntos/as, os gols não são preponderantes para a vitória, não participa árbitro/a e sim uma/a mediador/a e há três pilares que sustentam o jogo: respeito, cooperação e solidariedade. A terminologia espanhola “Fútbol Callejero”, que em português pode ser traduzida por “futebol de rua” ou “futebol rueiro” está atrelada a símbolos, no qual “futebol” é para atrair atenção ao esporte mais praticado no mundo e “rua” porque propõe voltarmos às raízes do futebol, portanto, na rua, onde os/as participantes criavam as suas regras de maneira autônoma, compreendendo um respeito mútuo ao longo das partidas. Chamamos atenção para repensar as maneiras de jogar futebol, bem como a pluralidade deste fenômeno, refletir sobre meninas e meninos no mesmo espaço de jogo, atentando-se ao corpo que joga bola e ao contexto desta motricidade do sul, originada na América Latina. Trata-se o Fútbol Callejero de uma motricidade que visa ascensão e recuperação de valores como respeito, cooperação e solidariedade a partir de situações que ocorrem no jogo, pois ao refletirmos e dialogarmos cada partida é possível relacionar com os acontecimentos e situações que vivenciamos na cotidianidade, ao jogar, refletir e dialogar os/as envolvidos/as intencionam a transcendência, ser mais. Destarte o objetivo deste minicurso é apresentar e vivenciar a prática do Fútbol Callejero, bem como, proporcionar aos/às participantes a experiência da mediação no Fútbol Callejero. A metodologia utilizada será baseada no diálogo sobre a história desta prática, refletindo sobre essa práxis e o futebol midiático e esportivizado, vivência do jogo e uma roda de conversa final para que os/as participantes dialogam sobre suas impressões e reflexões. Esperamos refletir acerca desta maneira de jogar e compreender futebóis, contextualizados em tempos-espaços de educação das relações de gênero, étnico-raciais, intergeracionais, enfim, de transformação social.