Resumo

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresenta alterações motoras, sendo o exergame (EXG) um recurso terapêutico possível, com efeitos positivos, mas não é descrito como adaptá-lo para a prática clínica. O objetivo é descrever as adaptações necessárias para uso do EXG em crianças com TEA, os critérios básicos que as crianças com TEA precisam ter para a execução do EXG e produzir um checklist para a utilização do EXG na prática clínica, baseado na experiência de pesquisa. Trata-se de um relato de pesquisa clínica a partir da experiência de execução de um ensaio clínico randomizado e controlado, no qual utilizou-se o EXG para tratar a marcha de crianças com TEA. O relato baseou-se na observação, nos registros da pesquisa, na experiência profissional prévia para realizar as adaptações, sugerir os critérios clínicos e elaborar o checklist. Inicialmente, treinou-se o gestual do jogo (pista visual, comandos verbais). Durante o jogo, as estratégias foram: reforço positivo, condução do movimento, observação da execução da terapeuta. Adaptação do ambiente: tatame único, sonorização, adequação dos estímulos sensoriais (tipo, tempo e intensidade), e isolamento acústico e espacial. Principais critérios para uso do EXG em crianças com TEA: capacidade de imitação, de obedecer a comandos e de triangular a atenção. O EXG pode ser utilizado em crianças com TEA, se forem capazes de imitar, obedecerem a comandos e triangularem a atenção. Necessita-se adaptar o ambiente, dosificar estímulos e utilizar estratégias de ensino para que seja possível a imersão, realização do movimento e a diversão com o jogo.

Referências

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 - 5a Edição. 5. ed. [s.l.] Artmed, 2014.

BAILEY, Bruce W.; MCINNIS, Kyle. Energy cost of exergaming: A comparison of the energy cost of 6 forms of exergaming. Archives of Pediatrics and Adolescent Medicine, jul. 2011.

BERTILSSON, Ingrid; GARD, Gunvor; SJÖDAHL HAMMARLUND, Catharina. Physiotherapists’ experiences of the meaning of movement quality in autism: a descriptive phenomenological study. Physiotherapy Theory and Practice, v. 38, n. 2, p. 299–308, 2022.

CARRAS, Michelle Colder; ROOIJ, Antonius J. Van; SPRUIJT-METZ, Donna; KVEDAR, Joseph;

GRIFFITHS, Mark D; CARABAS, Yorghos; LABRIQUE, Alain. Commercial video games as therapy: A new research agenda to unlock the potential of a global pastime. Frontiers in Psychiatry Frontiers Media S.A., 22 jan. 2018.

FANG, Qun; AIKEN, Christopher A; FANG, Chao; PAN, Zhujun. Effects of Exergaming on Physical and Cognitive Functions in Individuals with Autism Spectrum Disorder: A Systematic Review. Games for Health Journal: Research, Development, and Clinical Applications. Mary Ann Liebert Inc., 2019.

FONSECA, Vitor da. Prelúdios Psicomotores do Pensamento: Introdução à Obra de Wallon. Em: Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008. p. 15–69.

IOSA, Marco; VERRELLI, Cristiano Maria; GENTILE, Amalia Egle; RUGGIERI, Martino; POLIZZI, Agata. Gaming Technology for Pediatric Neurorehabilitation: A Systematic Review. Frontiers in Pediatrics. Frontiers Media S.A., , 28 jan. 2022.

JOZKOWSKI, Amanda C.; CERMAK, Sharon A. Moderating effect of social interaction on enjoyment and perception of physical activity in young adults with autism spectrum disorders. International Journal of Developmental Disabilities, v. 66, n. 3, p. 222–234, 26 maio 2020.

KAUR, Maninderjit; SRINIVASAN, Sudha; BHAT, Anjana. Comparing motor performance, praxis, coordination, and interpersonal synchrony between children with and without Autism Spectrum Disorder (ASD). Research in Developmental Disabilities, v. 72, p. 79–95, 1 jan. 2018.

LIMA, João L; AXT, Glaciane; TEIXEIRA, Diogo S; MONTEIRO, Diogo; CID, Luis; YAMAMOTO, Tetsuya; MURILLO-RODRIGUEZ, Eric; MACHADO, Sergio. Exergames for Children and Adolescents with Autism Spectrum Disorder: An Overview. Clinical Practice & Epidemiology in Mental Health, v. 16, n. 1, p. 1–6, 13 mar. 2020.

LOPES, Nuno; OLIVEIRA, Isolina. Videojogos, Serious Games e Simuladores na Educação: usar, criar e modificar. Educação, Formação & Tecnologias, v. 6, n. 1, p. 4–20, jul. 2013.

OLIVIERI, Ivana; MERIGGI, Paolo; FEDELI, Cristina; BRAZZOLI, Elena; CASTAGNA, Anna; ROIDI, Marina Luisa Rodocanachi; ANGELINI, Lucia. Computer Assisted REhabilitation (CARE) Lab: A novel approach towards Pediatric Rehabilitation 2.0. Journal of Pediatric Rehabilitation Medicine, v. 11, n. 1, p. 43–51, 2018.

SARDI, Lamyae; IDRI, Ali; FERNÁNDEZ-ALEMÁN, José Luis. A systematic review of gamification in e-Health. Journal of Biomedical Informatics. Academic Press Inc., , 1 jul. 2017.

VAN ’T RIET, Jonathan; CRUTZEN, Rik; LU, Amy Shirong. How Effective Are Active Videogames among the Young and the Old? Adding Meta-analyses to Two Recent Systematic Reviews. Games for Health Journal. Mary Ann Liebert Inc., 1 out. 2014.

VAN GAALEN, A. E. J; BROUWER, J.; SCHONROCK-ADEMA, J.; BOUWKAMP-TIMMER, T.; JAARSMA, A.D.C.; GEORGIADIS, J.R. Gamification of health professions education: a systematic review. Advances in Health Sciences Education. Springer Science and Business Media B.V., 1 maio 2021.

ZAMPELLA, Casey J.; WANG, Leah A.L.; HALEY, Margaret; HUTCHINSON, Anne G.; MARCHENA, Ashley de. Motor Skill Differences in Autism Spectrum Disorder: a Clinically Focused Review. Current Psychiatry Reports. Springer, 1 out. 2021.

ZANON, Regina Basso; BACKES, Bárbara; BOSA, Cleonice Alves. Diferenças Conceituais entre Resposta e Iniciativa de Atenção Compartilhada. Psicologia - Teoria e Prática, v. 17, n. 2, p. 78-90, 31 ago. 2015.

Acessar