Integra

Recentemente reli a obra Homo Deus (Yuval Noah Harari, 2015). Aprendi que absorvemos muito mais dos bons textos na releitura. Escrito na era P.P. (pré-pandemia), o livro tem um caráter mais otimista do que teria se escrito hoje, mas suas lições são valiosas e intrigantes em qualquer época.

Inicialmente, destaca o autor, que as três grandes mazelas da humanidade – a fome, as pestes e as guerras – estariam por ser vencidas pelos esforços da ciência e das mudanças nas relações internacionais. Tais preocupações seriam substituídas, neste século 21, pela busca da imortalidade, da felicidade e da divindade da espécie humana. Claro, isso não é assim tão simples. Quero me ater à busca pela imortalidade (condição de não poder morrer).

Em vez da visão mítica ou religiosa por trás do conceito de imortalidade, o autor fala de amortalidade, condição que poderá ser alcançada ainda neste século por alguns privilegiados. Trata-se de um conceito mais plausível em termos científicos, assentado em pesquisas que visam reverter (?) o envelhecimento e reduzir ou eliminar doenças associadas a esse processo. Se um “imortal” é imune a todos os males, um “amortal” pode não morrer de idade avançada ou doenças, mas ainda morreria por acidente ou violência (tiro, facada, pedrada...). Seria uma vida de muito estresse, a meu ver. Talvez o medo de morrer fosse até maior do que para os simples mortais, não?

O sonho da juventude eterna acompanha a humanidade há milênios. A utopia da imortalidade, sempre associada à super heróis e deuses, vê nos avanços científicos recentes a possibilidade da amortalidade. É também pela ciência que busco entender a história evolutiva de todos os seres neste planeta e penso que, quem quer que tenha arquitetado a vida na Terra, colocou a finitude como cereja equalizadora no complexo bolo que é a vida. Portanto, mesmo que viável, a amortalidade está mais para uma aberração do que um avanço científico.

Afinal, há tantos ganhos em se buscar qualidade de vida para todos, algo bem mais simples e natural do que pensar na vida sem limites para alguns.

 Grande abraço.

Markus Nahas