Resumo

A Educação Física (EF) implica interação com efeitos na qualidade das aprendizagens, na motivação e no desenvolvimento de habilidades sociais. Porque não há turma com uma composição homogénea, a questão da homo/heterogeneidade dos grupos de trabalho é um dos âmbitos de decisão dos professores. A literatura reporta, não consensualmente, benefícios e desvantagens para cada uma das formas de agrupamento, mas parece ser uma variável importante para o gosto dos alunos quanto à atividade física e à EF. As orientações para o ensino da EF, direcionam os professores para o privilégio de grupos heterogéneos e uso de grupos homogéneos em caso de estrita necessidade. Num estudo de tipo teste-reteste, 47 alunos do 3º CEB foram objeto, durante 5 semanas, de uma integração em grupos de ambos os tipos num mínimo de 40% e máximo de 60% do tempo útil de cada aula. Mediu-se a sua motivação por meio da versão Portuguesa (Pires et al., 2010) do questionário BPNES (Vlachopoulos & Michailidou, 2006) adaptada ao contexto da Educação Física. Recorreu-se a estatística descritiva e inferencial para analisar os resultados das duas aplicações. Existe um efeito de aumento de motivação quanto às 3 dimensões em análise - autonomia, competência e relação, estas últimas com diferenças estatisticamente significativas; que as alunas revelaram um maior aumento quanto à dimensão competência, e os alunos quanto às dimensões relação e autonomia, diferenças estas sem significado estatístico; que os sujeitos menos proficientes revelaram um maior aumento nas dimensões competência e autonomia, e os mais proficientes na dimensão relação, diferenças estas sem significado estatístico. O estudo contribui para o aumento do conhecimento dos efeitos na motivação de uma EF em que os alunos são incluídos, segundo o seu nível inicial de proficiência, em grupos de nível (homogéneos) e em grupos heterogéneos. O estudo revela que uma opção por uma combinatória entre ambos os tipos de agrupamento podem ter efeitos positivos quanto à motivação para a EF, o que interpela as atitudes e práticas habituais dos professores.

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