Resumo

A redução da jornada de trabalho tem impulsionado debates globais e projetos-piloto, mas ainda carece de evidências empíricas robustas sobre seus efeitos na saúde dos trabalhadores.OBJETIVO: Avaliar o impacto de uma semana de trabalho de quatro dias (ST4D), testada por 6 meses, na saúde física autorrelatada de trabalhadores portugueses de 21 organizações do setor privado, considerando a duração do sono e a frequência de exercícios físicos como potenciais mediadores. MÉTODO: Empregando um desenho quase-experimental, comparamos 220 trabalhadores no grupo de intervenção e 75 no grupo de controle. Os dados demográficos, carga horária semanal, horas de sono, prática de exercícios físicos e saúde física foram autorrelatados. As análises estatísticas foram conduzidas no Stata, utilizando um modelo probit ordenado.RESULTADOS: Os resultados indicam que a ST4D melhora a saúde física autorrelatada, mediada principalmente por um aumento na frequência de exercícios (?=0,451, p<,001). Trabalhadores do grupo intervenção que aumentaram sua prática de exercícios físicos apresentaram o dobro da probabilidade de melhora em comparação aos que se exercitaram menos, e quase o triplo em relação ao grupo controle. Embora a redução da jornada de trabalho tenha permitido mais horas de sono, esse aumento não emergiu como um preditor significativo de melhora da saúde. CONCLUSÃO: A adoção da ST4D demonstrou benefícios mensuráveis à saúde física, especialmente quando acompanhado de maior engajamento em exercícios físicos. Os achados destacam a importância de políticas públicas que, além de promoverem a redução da jornada de trabalho, incentivem o uso qualificado do tempo livre, contribuindo para intervenções baseadas em evidências no campo da saúde.

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