Resumo

A obesidade infantil representa um relevante desafio de saúde pública, especialmente em graus mais severos, pois está associada a maior risco de comorbidades metabólicas, como doenças cardiovasculares, depressão e baixa autoestima. Diante desse cenário, programas interdisciplinares ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são fundamentais para estimular mudanças na composição corporal das crianças.OBJETIVO: Avaliar o impacto do grau de obesidade sobre as alterações nos parâmetros de composição corporal de crianças atendidas em um programa interdisciplinar de tratamento da obesidade infantil no SUS.METODOLOGIA: Estudo longitudinal baseado na análise de prontuários de crianças com obesidade que ingressaram no programa entre 2021 e 2024 e que realizaram pelo menos quatro avaliações no ano. Foram incluídas 143 crianças (71 meninas), com média de 8,1 ± 1,4 anos, divididas em grupo com obesidade (OB, %IMCp95 entre 100 e 119) e obesidade severa (OS, %IMCp95 ≥ 120). Foram analisados: massa corporal, percentual de gordura corporal (%GC) e massa livre de gordura (MLG). Utilizaram-se modelos lineares mistos para avaliar a evolução mensal desses parâmetros, com ajuste por idade e sexo. Considerou-se p < 0,05 como significativo.RESULTADOS: Ambos os grupos apresentaram aumento significativo da estatura (b = 0,11; IC95% = 0,01-0,21; p = 0,035), sem interação com o grau de severidade. Não houve interação entre os grupos para %GC e MLG (p > 0,05). Observou-se redução significativa no %GC (b = -0,31; IC95% = -0,47- -0,1; p < 0,001) e aumento na MLG (b = 0,07; IC95% = 0,00-0,13 kg; p = 0,037) ao longo do tratamento.CONCLUSÃO: O programa interdisciplinar do SUS contribuiu para melhorar a composição corporal de crianças com obesidade, reduzindo o percentual de gordura e aumentando a massa livre de gordura, independentemente do grau de severidade.

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