Resumo

A exposição prolongada a poluição atmosférica tem sido considerada um fator de risco para diversas doenças. Nesse contexto, a prática regular de exercícios físicos nesses ambientes pode apresentar efeitos adversos ao organismo ao aumentar o metabolismo celular de quem pratica. O exercício físico acaba por acelerar a absorção orgânica dos agentes nocivos presentes no ambiente atmosférico e, desta forma, contribuir para os danos no organismo induzidos pela poluição do ar. O objetivo desse estudo foi investigar os efeitos da inalação da fumaça gerada pela queima de combustível fóssil sobre os parâmetros histopatológicos, de estresse oxidativo e dano em DNA no pulmão de animais participantes de um programa de treinamento físico aeróbio expostos a diferentes concentrações de poluição ambiental. Para isso, camundongos Swiss machos de 60 dias de idade foram expostos, em uma câmara de exposição e inalação de poluentes, à diferentes concentrações de partículas de exausta de diesel (DEP) S500, nas concentrações de 500 μg/m³, 1.000μg/m³ e 2.000μg/m³ e ao treinamento físico aeróbio (5 sessões semanais de 60 minutos em esteira com a velocidade de 0,8-1,2 km/h). Após 8 semanas experimentais os animais foram eutanasiados, sendo coletados amostras de lavado broncoalveolar, sangue e pulmões, processados para análise dos parâmetros histopatológicos, produção de oxidantes celulares (2',7'-diclorodihidrofluoresceina, DCF e malondealdeído, MDA), produção de antioxidantes (SOD, CAT e sistema glutationa), marcadores próinflamatórios (TNF α, IL-1β e IL-6), Akt e avaliação de índice e frequência de dano em DNA. Os resultados mostraram que quando comparado camundongos exercitados com camundongos não exercitados expostos as mesmas concentrações de DEP, o exercício físico não potencializou o processo de alargamento alveolar e espessamento de septo, o qual pode causar redução da capacidade respiratória, não aumentou o dano oxidativo em lipídio, reduziu a atividade pró-inflamatória da IL-1β, e reduziu o índice e frequência de dano em DNA. Os resultados do presente estudo indicam que a exposição a ambientes poluídos aumenta a sensibilidade dos tecidos corporais às alterações do sistema redox e promove dano em DNA, entretanto, essas alterações são dependentes das concentrações de poluente no ambiente e ao tempo de exposição. Indicam ainda que o exercício físico aeróbico não potencializa o efeito da poluição por DEP no metabolismo de camundongos e reduz o estado inflamatório e dano em DNA.

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