Interseccionalidades e prospecção de carreira para profissionais de educação física e fisioterapia
Por Sueyla Ferreira da Silva dos Santos (Autor), Thiago Ferreira de Sousa (Autor), Thiago Claudino Momesso (Autor), Camila Silva Bacarin (Autor), Henrique Luiz Monteiro (Autor).
Em XV Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde - CBAFS
Resumo
INTRODUÇÃO: As trajetórias profissionais são influenciadas por fatores individuais, institucionais e sociais que podem operar de forma desigual entre grupos sociais, perpetuando desigualdades históricas no mercado de trabalho. OBJETIVO: analisar como variáveis interseccionais influenciam a faixa salarial de egressos dos cursos de Educação Física e Fisioterapia de uma universidade pública paulista. MÉTODOS: Estudo, transversal com egressos dos últimos dez anos (2015-2025) dos cursos de Educação Física e Fisioterapia de 5 campus universitários. O desfecho principal foi a faixa salarial para examinar os efeitos de variáveis como sexo, raça/cor, estado civil, faixa salarial, ano de conclusão e titulação acadêmica. Utilizou-se regressão multinomial para identificar tendências e desigualdades na prospecção de carreira desses profissionais. Para todas as análises utilizou-se o programa SPSS, versão 25.0 com nível de significância de 5%. RESULTADOS: A amostra foi composta por 1.001 egressos dos cursos de Educação Física (65,7%) e Fisioterapia (34,3%), sendo maioria do sexo masculino (54,8%), 76,9% sem companheiro e 71,8% autodeclarados brancos. Os formados em Educação Física tiveram maior chance de alcançar faixas salariais mais elevadas do que os de Fisioterapia (OR=2,43 até R$1.759,00 e OR=1,80 acima de R$4.400,00). Egressos com pós-graduação apresentaram rendas superiores, sendo o doutorado fortemente associado à maior faixa salarial (OR=0,042). Além disso, quanto mais recente o ano de formação, menores as chances de altos salários, evidenciando barreiras de inserção para profissionais recém-formados. Também se observou que profissionais do sexo feminino, pessoas negras enfrentam desvantagens salariais, ainda que os efeitos não tenham sido estatisticamente significativos em todos os modelos isolados. O estado civil revelou que indivíduos sem companheiro apresentaram menor chance de rendimentos elevados (OR=0,066 para renda > R$ 4.400,00). CONCLUSÃO: Fatores acadêmicos e temporais exerceram maior influência na prospecção de carreira, que as tendências de desigualdades estruturais. Todavia, estudos são necessários para investigação da equidade do mercado de trabalho.