Resumo

O trabalho apresenta um relato de experiência da tematização de jogos, brincadeiras e esportes adaptados numa escola da rede municipal de Santo André no ano de 2022 com crianças de 3 turmas de 5ºs anos (C, D e E). A temática surge da percepção acerca da forma como algumas crianças rotulavam outras crianças com deficiência ao invés de as tratarem pelo nome, como as demais. Assim, em diálogo com as crianças, problematizamos se seria possível a participação de pessoas com deficiência em brincadeiras, jogos, esportes em diferentes situações sociais e nas aulas de Educação Física. O trabalho foi realizado por meio de rodas de conversa seguidas de vivências de brincadeiras, jogos e esportes convencionais e adaptados a determinadas deficiências proporcionando às crianças reflexões sobre como seria a participação destas crianças nestas atividades e a necessidade de alguma adaptação. Assim, foram utilizadas estratégias de inclusão reversa, discussões em grupos e reflexões a partir das experiências coletivas e colaborativas A partir do relato de algumas crianças sobre já terem visto pessoas com deficiência participando de esportes nas Paralimpíadas, a primeira proposta foi o desenvolvimento da brincadeira Coelhinho sai da toca de forma convencional. Após a vivência, em roda de conversa problematizamos se uma criança com deficiência física que utiliza cadeira de rodas poderia brincar e como seria essa participação. Inicialmente, algumas crianças afirmaram que não, enquanto outras afirmaram que sim, pois bastava auxiliar a criança empurrando a sua cadeira. Dessa forma, a brincadeira foi realizada novamente com as adaptações sugeridas pelas crianças, seguida de reflexões e avaliação acerca desta experiência. Em outro momento, a problematização enfocou a prova de corrida livre do Atletismo, seguindo a mesma lógica: vivência de forma convencional, reflexão sobre adaptações para pessoas com deficiência visual, experimentação das propostas e reflexões. Outra vivência nesta tematização foram os esportes Vôlei e Vôlei Sentado. Por fim, as crianças chegaram à conclusão de que é possível a participação de pessoas com deficiência em jogos, brincadeiras, esportes e nas aulas de Educação Física e fomentamos a ideia de que não basta ajudá-las na participação, mas a necessidade de criação e/ou alteração de regras, materiais, espaços e condições para que participem com autonomia. Além disso, ao final deste processo percebemos a associação destas ideias com o cotidiano relacionando as dificuldades que pessoas com deficiência enfrentam nos deslocamentos diários pela cidade e algumas crianças da própria escola possuem.

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